Discursos e Intervenções

DISCURSO PROFERIDO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NO ATO EM QUE LHE ENTREGARAM O PRÊMIO “LENINE” DA PAZ, NO TEATRO “CHAPLIN”, A 19 DE MARÇO DE 1962

Data: 

19/03/1962

Distintos membros do Comitê Internacional de Prêmios Lenine pela Paz (APLAUSOS);

Senhores embaixadores (APLAUSOS);

Companheiros e companheiras (APLAUSOS): 

Grande e profunda é a emoção para todos nós neste minuto, porém, sobrepondo-nos a esse sentimento, razoemos um pouco acerca da idéia que nos congrega nesta noite, acerca da paz, essa palavra que tanto significa, essa milenária aspiração da humanidade. 

Porque tem sido essa aspiração uma aspiração que surgiu na humanidade desde que surgiram as guerras, e as guerras surgiram desde que surgiu a exploração. 

Eis a origem da guerra: a exploração do homem pelo homem. Por isso, quando mais se aproxima a humanidade à era em que tem que desaparecer a exploração do homem pelo homem, mais fundada é a esperança da humanidade pela paz, e mais grandes são os anseios de paz da humanidade. 

Também é verdade que em nenhum outro minuto da história humana a paz é tão necessária, porque em nenhum outro minuto da história humana a guerra significa tanta destruição e tanta morte. Em nenhum outro minuto da história humana a idéia da guerra é tão terrível como neste momento. 

Quem são os que promovem as guerras? Quem são os que neste momento ameaçam a humanidade com o perigo da guerra? Os exploradores, os capitalistas, os colonialistas, os imperialistas. 

Quem lutam pela paz? Os socialistas (APLAUSOS). 

E é lógico, porque o capitalismo significa a pilhagem, e o socialismo significa o trabalho; os capitalistas querem viver da pilhagem, querem viver da exploração do trabalho humano, querem viver da exploração do trabalho dos povos; e os socialistas aspiramos a viver do trabalho, do nosso próprio trabalho. 

O socialismo significa a abolição da exploração do homem pelo homem; por isso o socialismo significa a paz. 

Nenhum sistema socialista se nutre da exploração do trabalho de outros povos nem da exploração dos recursos naturais de outros povos. Em um sistema socialista não existe a exploração do homem pelo homem. 

O capitalismo, e sua fase mais desenvolvida, o imperialismo, nutre-se, em primeiro lugar, da exploração do trabalho de outros povos, da exploração dos recursos naturais de outros povos e da exploração do trabalho dos operários e das classes humildes dos próprios povos imperialistas. 

Para manter esse despojo, para manter essa exploração —tanto do seu próprio povo como do trabalho dos demais povos— os imperialistas precisam da força; os imperialistas precisam dos exércitos, os imperialistas precisam das armas mais destruidoras; para manter essa exploração, para manter esse despojo, precisam da guerra, e, quando menos, precisam manter a humanidade sob o perigo da guerra. 

Nenhum cidadão de nenhum país socialista possui bens nem riquezas no território de outros países; nenhum estado socialista é possuidor desses bens ou dessas riquezas em outro território. Mas, os monopólios dos países imperialistas são donos de quantiosos recursos, de infinitas riquezas no território de outros povos, que servem para explorar o trabalho dos povos submetidos, dos povos colonizados, que servem para pilhar os outros povos. Para manter essa pilhagem, para manter esse colonialismo, para manter esse domínio, os imperialistas precisam das armas, dos exércitos, da força, das guerras, ou da ameaça de guerra. 

Isso explica o porquê o socialismo significa a paz e a luta pela paz (APLAUSOS). 

O socialismo não necessita de exércitos, não necessita de armas, no necessita da força, não necessita da guerra, não necessita do perigo de guerra, porque o socialismo não significa exploração, o socialismo não significa domínio sobre outros povos, o socialismo não significa pilhagem de outros povos. 

Por isso nosso povo, nosso povo socialista, nosso povo revolucionário (APLAUSOS), está do lado da paz (APLAUSOS). 

E bem sabemos por dura experiência que os exércitos e as armas constituem algo que os imperialistas, os que nos exploravam antes e nos querem explorar de novo, os que nos oprimiam antes e nos querem oprimir de novo, os que nos pilhavam antes e nos querem pilhar de novo, nos impõem essa necessidade de gastar em armas e de gastar em exércitos, como lhe impuseram a todos os demais países socialistas essa dura necessidade, a de distrair enormes recursos, enormes recursos e energias do trabalho criador, do desenvolvimento pacifico, distrair recursos e energias dos planos de industrialização, dos planos de educação, dos planos de elevação do nível dos povos, para dedica-los a essa necessidade de se defender das ameaças e das agressões dos imperialistas. 

Os imperialistas precisam da guerra. “O capitalismo” —dizia Marx— “tem ressumado sangue dos pés até a cabeça, desde suas próprias origens. ”O capitalismo tem significado para a humanidade sangrentas e bárbaras guerras, guerras coloniais, guerras mundiais, guerras locais, guerras para se repartir o mundo, guerras para escravizar os povos, guerras para se repartir o mundo de novo, guerras cada vez mais sangrentas, guerras cada vez mais destruidoras, guerras que representam cada vez mais vítimas, cada vez mais sangue, cada vez mais destruição, e a destruição cada vez mais rumo à retaguarda, cada vez mais longe das frentes de batalhas, cada vez mais sobre as indefesas populações; guerras cada vez mais terríveis, guerras cada vez mais desumanas. 

O imperialismo significa hoje o perigo de guerra, a ameaça de guerra, de uma guerra que faria empalidecer as guerras anteriores, uma guerra que significaria a destruição de centenas de milhões de vidas, se é que alguém pode calcular a destruição que ocasionaria uma guerra atômica. 

Por isso a luta pela paz significa lutar por salvar a humanidade de uma destruição apocalíptica, significa lutar por salvar centenas de milhões de vidas de homens, de mulheres, de jovens, de idosos e de crianças; para salvar a humanidade de centenas de milhões de inválidos, de mutilados, de lesionados por uma guerra atómica; para salvar a humanidade de incalculável destruição. 

Isso é o que significa a luta pela paz, e esta é a importância que tem a luta pela paz (APLAUSOS). 

Mas a luta pela paz significa também a luta pela independência dos povos, significa a luta pela liberdade das colônias, significa a luta pelo desenvolvimento econômico dos países mais pobres, significa a luta por librar os povos da exploração e do domínio imperialistas. A luta pela paz, isto é, a luta contra a guerra, a luta pelo desarmamento, significa não uma atitude passiva, mas uma atitude ativa em prol da independência e da libertação dos povos.

O imperialismo necessita do perigo de guerra, entre outras coisas, para impor às massas dos seus próprios países enormes cargas em impostos, visando manter as elevadas e extraordinárias utilidades dos monopólios; os imperialistas necessitam do perigo de guerra para manter sua economia de guerra. A economia de guerra significa que os operários, os trabalhadores dos próprios países imperialistas, têm que pagar dezenas de milhares de milhões, centenas de milhares de milhões de dólares todos os anos para manter os lucros dos monopólios, para manter os lucros dos exploradores. 

Os imperialistas necessitam do perigo de guerra para manter a opressão sobre seus próprios operários, para manter a repressão sobre suas próprias classes trabalhadoras; os imperialistas necessitam do perigo de guerra para armar-se, para justificar sua carreira armamentista. E necessitam armar-se até os dentes para manter seus privilégios, para manter sua função de modernos flibusteiros, de modernos piratas; necessitam armar-se até os dentes para ameaçar os povos que lutam por sua liberdade, necessitam armar-se até os dentes para ameaçar e para reprimir a luta dos povos na América Latina, na África e na Ásia, para impedir a libertação dos próprios trabalhadores dos países onde regem os monopólios imperialistas. 

Por isso, a luta contra a carreira armamentista, a luta pelo desarmamento, é a luta contra essa ameaça, a luta contra essa chantagem, a luta contra essa política intervencionista dos imperialistas na vida política dos povos explorados e oprimidos da América, da África, da Ásia, e dos próprios povos onde impera o sistema capitalista. 

Devemos compreender bem estas idéias: a luta pela paz significa isso, a luta pelo desarmamento significa isso, e os povos socialistas podem lutar sinceramente pelo desarmamento, porque não precisam para nada das armas, senão para se defenderem.

E por isso os países imperialistas se resistem ao desarmamento, porque precisam das armas para chantagear, para oprimir, para intervir e para pilhar. 

Por isso, são os países socialistas os que lutam conseqüentemente pelo desarmamento e pela paz; são os países socialistas os que podem convencer a humanidade, os que cada dia convencem mais a humanidade de que lutam sinceramente pelo desarmamento e pela paz, ao passo que cada dia se torna mais evidente que os que resistem ao desarmamento e à paz são os exploradores, são os saqueadores, são os colonialistas e são os imperialistas (APLAUSOS). 

Por isso, esta é uma batalha de todos os povos do mundo, dos povos dos países socialistas, dos povos dos países colonizados, dos países submetidos, dos países dominados pelo imperialismo e dos próprios operários, dos próprios povos das metrópoles imperialistas.

E, por isso, vemos como nos próprios Estados Unidos cresce o movimento pela paz, como nos próprios Estados Unidos são cada vez mais numerosas as manifestações populares em favor da paz contra a política guerreira dos imperialistas, contra a carreira armamentista, porque é um interesse de toda a humanidade. E por isso é que toda a humanidade, de diferentes formas, das formas que forem necessárias, há de contribuir à luta pela paz. 

Contribuem as mães norte-americanas desfilando diante da Casa Branca (APLAUSOS), contribuem os comitês de paz em todo o mundo, contribuem os atos, contribuem os chamamentos, contribuem os escritos, contribuem os esforços que se realizam ora nos países capitalistas ora nos países socialistas, contribuem os vietnamitas do sul combatendo contra os imperialistas e contra os intervencionistas ianques (APLAUSOS), contribuem os heróicos combatentes do povo guatemalteco lutando contra o títere Ydígoras (APLAUSOS), contribuem os angolanos lutando contra o imperialismo português (APLAUSOS), contribuem os argentinos votando contra o regime reacionário de Frondizi (APLAUSOS), contribuíram heroicamente os argelinos conquistando sua independência (APLAUSOS), contribui a União Soviética fazendo explodir uma bomba de sessenta megatons (APLAUSOS). E não há nisso, não há nisso nenhuma contradição, não há nisso nenhum paradoxo; há uma grande diferença entre as bombas que fazem explodir os imperialistas e as que fazem explodir os soviéticos. É a diferença entre a bomba que se faz explodir para advertir aos imperialistas o que lhes espera se desatarem uma guerra (APLAUSOS) e as bombas que fazem explodir os imperialistas para chantagear, para ameaçar, para amedrontar os povos, para tentar plantar o terror e o medo entre os povos que lutam por sua independência, por sua soberania, por sua liberdade. 

Assim, cada qual luta com o que pode, cada qual contribuirá à luta pela paz com o que pode contribuir, e assim também nosso povo contribuiu o que pôde; assim também nosso povo deu sua contribuição à paz quando derrotou os mercenários antes de setenta e duas horas (APLAUSOS). 

Ao se libertar do domínio imperialista e ao assinalar com seu exemplo o caminho aos demais povos irmãos da América Latina, nosso povo tem feito uma grande contribuição à paz. Ao proclamar a Primeira e a Segunda Declaração de Havana (APLAUSOS), e expor nessa Declaração nossa experiência, ao expor os métodos de luta que conduziram à vitória da Revolução Cubana, nosso povo tem feito uma contribuição à paz (APLAUSOS). 

E assim, os povos oprimidos lutam pela paz lutando por sua independência; os povos oprimidos, quando têm fechados todos os caminhos, lutam pela paz derrocando os regimes reacionários (APLAUSOS). Os operários dos próprios países imperialistas podem lutar e lutam pela paz, opondo-se aos impostos extorsivos, opondo-se ao encarecimento da vida, opondo-se à carreira armamentista. E os cientistas soviéticos lutam pela paz fortalecendo o poderio técnico e militar da União Soviética (APLAUSOS).

Cada qual deve lutar pela paz a sua maneira, cada qual deve lutar pela paz com o que possa e como possa. 

Assim, a América Latina, ao se enfrentar cada vez mais aos imperialistas, luta pela paz. Enquanto mais povos lutando por sua liberdade houver, mais possibilidades de paz no mundo, mais maniatados estarão os imperialistas, mais fracos serão os imperialistas para desencadear a guerra. 

Por isso, os povos oprimidos podem fazer uma grande contribuição à paz, lutando contra o imperialismo, lutando contra os regimes reacionários e tirânicos. Vejam como tremem já, vejam como se estremecem já os fantoches do imperialismo, vejam como se estremecem já os regimes traidores na América Latina, vejam como tremem já os inimigos dos povos da América Latina. E o tremor percorre a espinha dorsal do continente; desde a Patagônia até Washington! (APLAUSOS.) 

E enquanto o regime revolucionário cubano é cada vez mais firme, e será cada vez mais firme na mesma medida em que saibamos vencer os obstáculos que nos coloca o inimigo e os obstáculos que às vezes nos colocamos nós próprios, os demais regimes —os regimes que têm sido cúmplices do imperialismo contra Cuba— se estremecem. E assim, se estremece o títere Ydígoras, na Guatemala (GRITOS); e em seu desespero, não pensa em outra coisa do que acusar Cuba e culpar Cuba. Sim, Cuba tem uma culpa: a culpa de seu exemplo! (APLAUSOS.) Mas a outra culpa, a culpa que engendram as revoluções, a culpa que engendra a rebelião dos povos, essa culpa é do imperialismo e é dos exploradores. 

Que culpa tem Cuba dessa exploração? Que culpa tem Cuba desse domínio escravista do imperialismo? Que culpa tem Cuba de que essas causas originem a rebelião dos povos? porque são os povos os que fazem as revoluções, e assim, é o próprio povo da Guatemala, jovens guatemaltecos, jovens de origens militares, procedentes das academias militares, muitos dos quais estudaram nos próprios Estados Unidos, são os que chefiam a rebelião do povo guatemalteco. Não estudaram em Havana, não receberam aulas em nosso país, mas que muitos deles estudaram nas academias militares norte-americanas. E isso é suficientemente eloquente. Se esses jovens hoje encabeçam a rebelião, significa que ao imperialismo não o salva nada! (APLAUSOS), que contra o imperialismo, isto é, que pela libertação de seus povos estão lutando até os próprios alunos saídos de suas escolas militares (APLAUSOS). E isso quer dizer que muito bem poderia acontecer que muitos desses oficiais que estão treinando para reprimir a luta guerrilheira, esses oficiais que em número de centenas estão treinando em Panamá, alguns deles, e até talvez bastantes deles, possam ser amanhã guerrilheiros contra o imperialismo (APLAUSOS). 

Porque os povos da América estão encontrando seus métodos de luta, os povos da América estão encontrando o caminho da libertação, os povos da América se erguem cada vez mais, e nos alegramos. Não importa que nos culpem de suas culpas, isto é, das culpas do imperialismo! Já sabemos isso de cor, que todas as culpas de seus atos exploradores as queiram fazer recair sobre nossa pátria; que por isso sempre penderá sobre nossa pátria a ameaça da agressão imperialista. Por isso estaremos em perene perigo. Porém, não importa, não nos assusta esse perigo, não trememos perante esse perigo, ao passo que os reacionários tremem em toda a América; ao passo que os imperialistas tremem em toda a América diante do auge revolucionário dos povos! 

Os imperialistas querem fazer ver que somos nós os que promovemos as revoluções; já falamos nisso na Declaração de Havana: As revoluções não são importadas, as revoluções as fazem os povos; as revoluções não se inventam, as revoluções as fazem os povos quando existem as condições que engendram as revoluções! E os imperialistas criaram na América Latina essas condições.

O quê lhes aconteceu na Argentina? O quê lhes aconteceu, apesar de sua cacarejada Aliança para o Progresso? O quê lhes aconteceu, apesar de suas medidas de chantagem, de pressão militar para que rompessem contra Cuba, para obter ali o domínio da economia? O quê lhes aconteceu? A derrota política nas mãos das forças populares! A derrota política mais inesperada para eles e mais desencorajadora!, A necessidade de novas medidas repressivas, de novos abusos contra o povo argentino, de novas contradições, de novas intervenções militares e de mais agudização da luta do povo argentino! A perspectiva de ter que reprimir milhões de trabalhadores, que se dispõem a resistir, que se dispõem a declarar-se em greve! A necessidade de empregar a força e o terror que não serve senão para aproximar os povos à Revolução! 

E quando esse terror contra as forças populares, quando esse terror contra as classes operárias, contra milhões de trabalhadores, conduzir o povo argentino à luta, conduzir o povo argentino à rebelião, e conduzir o povo argentino, inclusive, à luta armada, então, não culpem Cuba! (APLAUSOS.) Então, como poderão culpar Cuba, se são eles os que conduzem os povos para essa situação, para essa necessidade de rebelar-se, para essa necessidade de lutar? 

E quando o povo da Venezuela se lança à luta; cansado de matança, cansado de crimes e de torturas, cansado de centenas de mortos, cansado de milhares de encarcerados inocentes, cansado de exploração, cansado de monopólios, cansado de pilhagem imperialista, cansado de um regime de traição e de entrega! qual é a culpa que tem Cuba, que culpa tem Cuba dos estudantes que os fantoches do imperialismo assassinam, dos operários que os capangas do imperialismo matam ali? Que culpa tem Cuba da exploração dos monopólios? Que culpa tem Cuba de que os povos se lancem à luta, de que cada dia mais e mais povos estejam decididos a lutar e estejam decididos a empregar os meios que forem necessários, quando todos os caminhos se fecharam? 

Que culpa tem Cuba?! Como não seja a culpa de ter-nos libertado nós próprios da tirania, da matança, do crime, da tortura, da pilhagem! (APLAUSOS.) Que culpa tem Cuba, senão a culpa de ser livre? Que culpa tem Cuba, senão a culpa de ter jogado de seu próprio território os monopólios ianques? Que culpa tem Cuba, senão a culpa de ter liquidado o terror e a tirania, de ter derrotado as forças da tirania, treinadas e armadas por esse mesmo imperialismo? Que culpa tem Cuba, senão a culpa de sua própria liberdade e a culpa de seu exemplo, a culpa de sua dignidade, a culpa de sua inteireza, a culpa de seu heroísmo, a culpa de sua decisão de vencer ou morrer! (APLAUSOS PROLONGADOS.) A culpa de ter derrotado os imperialistas em Praia Girón (APLAUSOS), a culpa de estar disposta a derrota-los quantas vezes nos ataquem e de resistir, de resistir até a última gota do nosso sangue!

Que culpa tem Cuba da história? Que culpa tem Cuba de que por lei dessa história os povos irmãos da América estejam chamados a ser livres? Que culpa tem Cuba de que os imperialistas não possam impedi-lo? Porque os imperialistas não poderão impedir a vitória dos povos. 
A América é grande demais e seus povos são numerosos demais e heroicos demais para que possam impedi-lo, por muitas escolas que organizem, por muitos planos que façam. E hoje mesmo os telexes traziam a notícia de que seis oficiais de Fort Brack tinham saído rumo a Guatemala, sem dúvida de nenhuma classe, para assessorar as forças repressivas contra os patriotas guatemaltecos. Mas, que ilusões! Como se a liberdade dos povos, a marcha da história a pudessem conter nem seis nem seis milhões de oficiais ianques, nem seis milhões de escolas anti-guerrilhas! (APLAUSOS.)

Como se a luta dos povos, a marcha da história, a pudessem cortar os exploradores, a vontade de um capitalismo decadente, de um imperialismo que já cheira a carniça na história! (APLAUSOS.)

Essas são as realidades, nossas realidades, as realidades da América, da Ásia, da África, as realidades do mundo. Isto assinala a tarefa árdua, a tarefa difícil, a tarefa dura que têm os povos para erradicar o perigo de guerra, para erradicar as guerras da história da humanidade, porque é precisamente o minuto em que quando mais oportunidade e mais possibilidade tem a humanidade de conseguir essa aspiração, é também o minuto que coincide com o máximo perigo, com o máximo carácter destruidor e horrível das guerras. É o minuto de maiores esperanças da humanidade e o minuto também de maiores riscos para a humanidade. 

São estas idéias e estes pensamentos os que passavam por nossa mente e embargavam nosso ânimo neste ato de hoje, neste ato carregado de emoção, carregado de sentimento; carregado, por um lado, de preocupação, e por outro lado de satisfação, de orgulho; este ato entranhavelmente humano, fraternal, onde tudo é expressão de amizade entre os povos, de confraternidade entre os povos, de satisfação pelo que se tem feito e de consciente preocupação pelo que devemos fazer; de orgulho pelo que se tem feito, porque, quem de nós não sentiu um fundo e profundo orgulho quando o digno acadêmico da União Soviética proferiu aquelas palavras de “Cuba, território livre da América”? (APLAUSOS.) 

Quanta legítima satisfação para todos nós! Mas quanta legítima preocupação pelas tarefas que temos por diante, pelos deveres que temos por diante; o dever de lutar, o dever de trabalhar, o dever de esforçar-nos, o dever de superar-nos. 

Nossa Revolução marcha por caminhos firmes; nossa Revolução marcha com passos firmes. Nosso povo se educa cada vez mais; nosso povo tem que estudar e educar-se ainda mais; nosso povo tem traçado seu caminho; nosso povo tem desdobrado suas bandeiras; essas bandeiras não são outras que as bandeiras da Revolução, da Revolução Socialista, da Revolução proletária, da Revolução marxista-leninista! (APLAUSOS.) 

Ilumina o caminho do nosso povo a ciência do marxismo-leninismo. Estudemos, estudemos cada vez melhor o marxismo-leninismo! (APLAUSOS); Entreguemo-nos com febril espírito ao estudo, ao trabalho!; esforcemo-nos por compreender cada vez mais, e não apenas mais, senão também melhor!; bebamos dessa ciência e apliquemo-la corretamente, que quando é aplicada corretamente as revoluções são cada vez mais firmes, são cada vez mais fortes!

E, sobretudo, recordemos um princípio fundamental do marxismo: Que são as massas as que fazem a história! Não nos desliguemos jamais das massas! Vamos sempre, cada vez mais, com as massas! Tenhamos cada vez mais contato com as massas! (APLAUSOS), Aperfeiçoemos cada vez mais nossa engrenagem com as massas! E essa engrenagem forte e perfeita se consegue na mesma medida em que saibamos recrutar os melhores exponentes do espírito da classe operária, os melhores exponentes do espírito dos trabalhadores, na mesma medida em que saibamos recrutar os melhores trabalhadores, os trabalhadores exemplares, no Partido Unido da Revolução Socialista (APLAUSOS). 

E quem são os que têm mais autoridade entre as massas, em qualquer centro de trabalho? Os mais trabalhadores, os que são modelos em tudo!; modelos no trabalho, em primeiro lugar, modelos no companheirismo, modelos no espírito de classe, modelos no cumprimento do dever; os primeiros no trabalho, os primeiros na defesa da pátria, os primeiros no trabalho voluntário, os primeiros no esforço, os primeiros no sacrifício (APLAUSOS). 

Aqueles trabalhadores de vida limpa, limpa de mácula no passado, que são modelos de sua classe, que são orgulho de sua classe revolucionária. Recrutemos todos esses operários, todos esses homens e mulheres, e teremos a melhor engrenagem, de contatos com a massa! Teremos recrutados os homens e mulheres de mais prestígio entre as massas! (APLAUSOS.) 

E por esse caminho, não divorciados jamais das massas, nunca às costas das massas, senão cada vez mais identificados com as massas, companheiros e companheiras, nossa Revolução será cada vez mais forte, nossa Revolução será cada vez mais invencível, nossa Revolução será cada vez mais exemplo da América, nossa Revolução será cada vez mais útil e mais fecunda nas aspirações da humanidade, na luta da humanidade pelo progresso, na luta da humanidade pela paz (APLAUSOS). E nosso povo será cada vez mais credor das honras que receba. 
Temos sido honrados na noite de hoje. Não eu. Levo esta medalha sobre meu peito em nome do povo! (APLAUSOS.) Não eu, É o povo quem recebeu esta medalha! É nossa Revolução, é nossa pátria revolucionária, marxista, a que recebeu esta medalha que tem o nome de “Prêmio Lenine da Paz”! (APLAUSOS.)

Recebo-a, companheiros membros do Comitê Internacional de Prêmios Lenine, recebo-a com profundo e legítimo orgulho, em nome do povo, em nome dos mortos, em nome dos que tombaram ao longo de nossa história para tornar possível esta Revolução! 

Pátria ou Morte! 

Venceremos! 

(OVAÇÃO)

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