Discursos e Intervenções

DISCURSO PROFERIDO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO, NA COMEMORAÇÃO DO IX ANIVERSÁRIO DO DIA 26 DE JULHO, EM SANTIAGO DE CUBA, A 26 DE JULHO DE 1962.

Data: 

26/07/1962

Senhores membros do Corpo Diplomático;
Delegações amigas que nos visitam;
Trabalhadores;
Camponeses;
Estudantes;
Cidadãos todos:
 
Um dia como hoje, há já nove anos, nesta mesma cidade foram escutados os primeiros disparos da luta contra o regime militar e reacionário de Fulgencio Batista.
 
Aquele governo era a expressão mais fiel do sistema político de corrupção e exploração que existiu no nosso país após a intervenção norte-americana, no fim da nossa guerra de independência.
 
Em 26 de Julho começou a última e definitiva etapa da luta pela independência nacional, que vinha desenvolvendo o nosso povo desde 1868.  Por isso para nós, trabalhadores e camponeses, esta comemoração na cidade de Santiago de Cuba desperta uma emoção profunda.
 
Esta província de Oriente, precisamente, revive as lembranças mais gloriosas da nossa história: foi aqui, nesta província onde se escutou o Grito de Yara; foi aqui, nesta província, o Grito de Baire; foi aqui nesta província, o Protesto de Baraguá; foi desta província de onde saíram os contingentes invasores que com Antonio Maceo e Máximo Gómez levaram a cabo a guerra libertadora até o último canto de Pinar del Río (PALMAS); é aqui nesta província onde descansam os gloriosos restos do nosso Apóstolo, morto em Dos Ríos (PALMAS).
 
Para nós, homens da geração presente, que tivemos o privilégio de participar nesta luta definitiva do nosso povo, a província oriental evoca datas de profunda transcendência para a nossa Revolução e nos traz a recordação, em primeiro lugar, deste 26 de Julho; de datas como aquele 30 de Novembro, 2 de Dezembro e 01 de Janeiro (PALMAS); de nomes como os de Abel Santamaría, Frank País, Renato Guitart, Ciro Redondo (PALMAS), toda uma lista interminável de heróis que deram a sua vida pelo triunfo da nossa Revolução.  Por isso o significado e o interesse que tem para nós comemorar pela quarta vez este 26 de Julho, desde que triunfou a Revolução nesta província (PALMAS).
 
Mas, por que se reúne tanto povo aqui? (PALMAS E EXCLAMAÇÕES) Por que, há quatro anos do triunfo da Revolução e nove anos do ataque ao Quartel Moncada, se reúne o povo um dia como hoje?  Porque o problema dos organizadores deste ato não era ver como conseguiam povo para vir aqui, era sim ver como conseguiam transporte para todo o povo que queria vir aqui (PALMAS).  E a preocupação para os organizadores deste acto eram as pessoas descontentes por não poderem vir aqui participar deste acto, porque ficaram muitos sem poder vir a este acto (APLAUSOS).  E isto tem uma explicação, uma explicação que vocês, homens e mulheres do povo, compreendem perfeitamente bem.
 
Vocês sabem como era antes. Vocês sabem que antes não era assim (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”).  Vocês sabem que antes os políticos tinham que pagar para que as pessoas viessem a estes actos (EXCLAMAÇÕES).  Vocês sabem que antes tinham que distribuir dinheiro e tinham que distribuir rum para reunir público nos actos.
 
E, no entanto, por que não acontece assim com a Revolução? Por que a Revolução não tem que distribuir rum, mas sim proibir o rum nesta data de 26 de Julho? (EXCLAMAÇÕES.) Por que a Revolução não tem que distribuir dinheiro para reunir centenas de milhares de pessoas em Santiago de Cuba? (EXCLAMAÇÕES DE: “Venceremos, venceremos!”)
 
Vocês próprios estão a dar a resposta; porque o povo sente profundamente a Revolução; porque a Revolução é do povo; porque a Revolução é o povo (PALMAS).
 
Os políticos do passado eram muito bem conhecidos pelo nosso povo.  O passado da nossa pátria está demasiado recente para que o tenhamos esquecido.  As diferenças entre o passado e o presente nos tocam profundamente.
 
Os contra-revolucionários (EXCLAMAÇÕES DE: “Pena de morte, pena de morte!”), os reacionários e os imperialistas nunca poderão encontrar uma explicação para isto, Nunca poderão compreender isto.  Nunca poderão compreender, no seu ódio profundo, porquê o povo apóia à Revolução.
Acontece, que aqui está reunido precisamente o povo.  Aqui estão reunidas as grandes massas do nosso país.  Aqui estão reunidos os que transpiram a camisa. Aqui estão reunidos os que ganham o pão com o suor da sua frente (PALMAS).
 
Os exploradores, no seu ódio ao povo, nunca poderão conceber que o país marchará para frente sem eles.  Nunca puderam conceber o país a não ser um país organizado de forma que as grandes massas trabalhassem e fossem exploradas pelas minorias privilegiadas.  Nunca puderam conceber que a nossa pátria pudesse avançar sem eles.  E, no entanto, vai para frente, vence os obstáculos e se fortalece.
 
Aqui estão reunidos, por exemplo, os camponeses da Serra Maestra (PALMAS), os camponeses de Baracoa e de Guantánamo (PALMAS), os trabalhadores agrícolas (PALMAS), os trabalhadores urbanos (PALMAS); isto é, que está reunido um povo que conhece seu passado.  Aqui estão reunidos os que antes passavam sete e oito meses sem emprego (EXCLAMAÇÕES); aqui estão reunidos os camponeses que eram explorados miseravelmente pelos latifundiários (PALMAS); aqui estão reunidos os que antes do triunfo da Revolução não tinham emprego (PALMAS), e tinham que estar batendo as portas dos políticos para arranjar um emprego em Obras Públicas (PALMAS); aqui estão reunidos os trabalhadores das fazendas e das cooperativas, que antigamente tinham que mendigar aos donos e aos “capatazes” um dia de emprego (PALMAS); aqui estão reunidos os camponeses que hoje são donos das suas terras, dessas terras que tiveram que cultivar com tanto sacrifício, dessas terras que tiveram que semear de café durante anos, trabalhando uns dias como posseiros na sua fazenda e outros dias só por alguma coisa para comer, outras por apenas 50 cêntimos, ou um peso (PALMAS).
 
Aqui está reunido um povo que conheceu a fome, que conheceu o desemprego, o analfabetismo, a discriminação, a humilhação,os maus-tratos, o abuso de poder, (EXCLAMAÇÕES) que soube o que era a exploração (EXCLAMAÇÕES), o roubo (EXCLAMAÇÕES), a mentira dos políticos (EXCLAMAÇÕES), o jogo proibido, o vício, que soube o que era viver sem esperanças.
 
Aqui está reunido um povo que sabe que ontem não havia esperança para ele, nem para seus irmãos, nem para as suas esposas, nem para seus pais, nem para seus filhos (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES).  Aqui está reunido um povo que sabia o que eram os campos sem escolas e sem professores, sem médicos, nem hospitais; aqui está reunido um povo que sabia que até para chegar num hospital havia que agradecer o favor a um político (EXCLAMAÇÕES); aqui está reunido um povo que sabia que por vezes tinha que dormir no chão dos hospitais; aqui está reunido um povo que sabia que o pobre não tinha esperança de estudar, nem esperança de sequer poder receber uma boa assistência médica, nem esperança de que o ajudassem a viver, nem esperança de arranjar um emprego, nem de ter um futuro certo.
 
A Revolução tem um significado para o povo não pelo que fez até esta altura, mas sim pelo facto de pôr fim à humilhação em que vivia o povo, na falta de dignidade em que obrigavam a viver ao nosso povo.
 
Agora a Revolução significa para o nosso povo condições de vida muito diferentes; significa a esperança de um futuro melhor (PALMAS).
 
Quando os trabalhadores das fábricas de açúcar viam crescer seus filhos, perguntavam-se, quê futuro terão?; quando os camponeses posseiros viam crescer seus filhos perguntavam-se, quê futuro terão?, quando os homens e as mulheres das cidades, os trabalhadores urbanos, viam crescer seus filhos perguntavam-se, quê futuro terão? E essa pergunta no passado não tinha resposta.  Essa pergunta de qual seria o futuro dos filhos não tinha resposta.  E essa pergunta hoje tem resposta! (PALMAS) e hoje tem resposta para todos os trabalhadores, hoje tem resposta para todos os camponeses, hoje tem resposta para todas as famílias; hoje todos sabem que seus filhos têm a educação segura, a saúde segura e o futuro seguro; hoje todos sabem que seus filhos têm escolas, que quando terminem a sexta classe podem estudar numa escola de ensino secundário ou numa escola tecnológica (PALMAS).  Hoje qualquer família, por humilde que seja, sabe que seus filhos ainda que sejam dois, ou dez, ou seis, quinze, ou dezessete como existem algumas, sabe que seus filhos podem chegar a ser tudo aquilo que o filho de qualquer outra família; que podem chegar a ser médicos, que podem chegar a ser engenheiros, podem chegar a ser operários qualificados,podem chegar a ser aquilo que desejem ser, porque precisamente a Revolução lhes oferece todas as oportunidades para conseguí-lo (PALMAS).
 
E, qual era o futuro antes?, Qual era o futuro dos filhos de um camponês que tinha uma hectare de terra, o meia hectare de terra, e tinha oito filhos, ou tinha dez filhos? Qual era o futuro dos filhos dos trabalhadores das fábricas de açúcar, que eram as mesmas fábricas de há 30 ou 40 anos e onde não tinham nem apenas uma vaga a mais?  Qual era o futuro dos filhos dos operários da construção que não tinham emprego? Qual era o futuro dos filhos de tantos e tantos pais de famílias que não tinham emprego? Qual era o futuro? Era: a miséria, a exploração, a corrupção, trabalhar para os ricos; trabalhar, as filhas, de domésticas para os ricos.  Porque havia muitas famílias humildes que não tinham outra coisa a fazer que resignar-se a colocar a todas as suas filhas como domésticas nas casas dos ricos como única solução ao problema.
 
Isto é, que antes apenas podiam estudar os filhos duma minoria privilegiada, exploradora do nosso povo.  Hoje, esse direito que antes apenas tinham os ricos, de ter um bom médico, de ter boa medicina, de ter um bom hospital, de ter uma boa escola, uma universidade, aquilo que for, para seus filhos, hoje todo está nas mãos do povo (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES).
 
Naturalmente insisti muito neste aspecto, porque não quero tanto pensar no presente como no futuro. A Revolução tem um significado especial para o presente, por exemplo, para o camponês, para além da terra, libertá-lo da renda, dos desalojamentos e de todos os abusos que eram cometidos contra ele, libertá-lo da opressão da guardia rural já que era um dos maiores benefícios que poderiam receber os camponeses! (PALMAS) E os operários! Libertar o nosso povo daquela praga de parasitas, libertá-lo daquela praga de abusadores, isto constituía um grande benefício da Revolução; apenas por isto o porque era capaz de fazer qualquer coisa.
 
Mas a Revolução não era apenas isso.  Eu não sei se vocês se lembram dos políticos.  Eu imagino que se lembrem dalguns políticos (EXCLAMAÇÕES DE: SIM!); eu imagino que vocês se lembrem dalguns daqueles que andavam com a carteira cheia de cédulas, que andavam com um Padre baptizando pessoas por aí para convertí-los em “compadres” e depois lhes exigir o voto; eu imagino que vocês lembrem aquelas eleições, aquela politiqueria.  Pois bem: havia alguns políticos e alguns jornais burgueses, isto é, jornais dos ricos, que falavam dalgumas medidas que iriam tomar.  Por exemplo, alguns burgueses falavam de que havia que acabar com o roubo, que havia que desenvolver a indústria, que havia que fundar uma Marinha Mercante, que havia que acabar com o jogo ilícito, enfim... (EXCLAMAÇÕES).
 
Companheiros, vamos ver se essa honda humana aguenta; não empurrem nem de lá para acá nem daqui para lá.
 
A Revolução não se limitou a acabar com a corrupção, a acabar com o contrabando, a acabar com o jogo ilícito, a acabar com os abusos, os maus tratos, tudo aquilo; isto é que existiam alguns políticos que pediam essas coisas. Pediam Marinha Mercante, e a Revolução criando uma Marinha Mercante, falavam de indústrias e a Revolução está levando a cabo um plano de industrialização.
 
Porém aqueles políticos de antes, vocês lembram, aqueles políticos daquela altura? Onde estão agora esses políticos daquela altura?, O que fizeram? Para onde foram e por quê foram embora? (EXCLAMAÇÕES), Por acaso foram embora porque aqui se rouba? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Porquê foram embora? Porque aqui não se pode roubar! Por acaso foram embora porque aqui há politiquice?  (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Porque aqui não há politiquice! Acaso foram embora porque aqui há vício, jogos ilícitos, corrupção? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Não, foram embora, precisamente, porque acontece tudo o contrário. Porque acabou o jogo ilícito, acabou o vício, acabou a corrupção!  Foram embora porque aqui há demagogia? Não, foram embora porque aqui acabou a mentira e a demagogia!
 
Quando aqui eram cometidos crimes, assassinatos, abusos, maus tratos aos camponeses e aos operários, repressão e injustiças de toda índole; quando queimavam as casas aos camponeses para desalojá-los, eles não iam embora.  Quando aqui acabou o jogo ilícito, o vício, a corrupção, os maus tratos, o roubo, a politiquice, a demagogia, a mentira, a desvergonha e o atraco, então sim foram embora.
 
E quem lembra agora os nomes daqueles políticos? Quanto tempo faz que não ouvimos mencionar o nome de apenas um desses senhores? Pois é, vou dizer-lhes: esses políticos acham que vão regressar ao nosso país; esses políticos acham que vão voltar a governar a nossa pátria.
 
Vocês se lembram de que alguns desses políticos eram inimigos de Batista? Bom, pois agora já não inimigos de Batista.  Vocês se lembram de que alguns desses políticos eram inimigos de Chaviano, de Ventura, de Salas Cañizares, e de todos esses assassinos? Bom, agora já não inimigos.  Eram inimigos mas de “mentirinha”, eram inimigos apenas de dentes para fora; a questão era de quem estava no governo, quem era senador e quem era representante; mas no fundo concordavam com a exploração dos operários e concordavam com a exploração dos camponeses, isto é, no fundo todos eram inimigos dos interesses do povo.
Agora esses políticos, de todos aqueles partidos burgueses, uniram-se aos políticos batistianos, uniram-se aos criminais de guerra, uniram-se aos piores assassinos, e acham que o passado pode regressar ao nosso país (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”).  O que acham vocês? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) O que acham vocês, camponeses, trabalhadores, estudantes? Acham vocês que a guardia rural pode regressar ao nosso país? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Acham vocês que a repressão pode regressar ao nosso país? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) (A MULTIDÃO CONTINUA COM AS EXCLAMAÇÕES).
Olhem, os que estão aqui, os que estão aí à frente, têm que fazer um esforço para ver se evitam esses movimentos, e os que estão atrás, que não aconteça igual com os que estão atrás. Vamos ver se aguentam um pouco e , quando tenhamos que tirar alguma pessoa, não promovam esse desordem.
 
Eu estava ...(CONTINUAM AS EXCLAMAÇÕES). Bom até que vocês não façam silêncio, eu não falo.
 
Eu tinha interesse em conhecer a vossa opinião.  Acham vocês que os jogos proibidos que a bolita pode voltar ao nosso país? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Que todos aqueles antros podem voltar ao nosso país? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Acham vocês que os alugueres que eram cobrados aqui podem voltar a ser cobrados no nosso país? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Acham vocês que o tempo morto possa voltar ao nosso país? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Acham vocês que o analfabetismo possa voltar ao nosso país? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Acham vocês que aquela ausência total de escolas e de professores nos nossos campos pode voltar ao nosso país? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Acham vocês que os roubos, os políticos que se enriqueciam aqui e viravam milionários, os ministros que roubavam milhões de pesos, podem voltar aqui ao nosso país?  (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Acham vocês que as nossas fábricas podem voltar a ser propriedade dos norte-americanos? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Acham vocês que as terras das cooperativas e das granjas podem voltar a ser monopólios estrangeiros? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”)
 
Acham vocês que toda essa gente louca pode voltar a apoderar-se da riqueza da nossa nação? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”)
 
Algum operário voltaria a obedecer às ordens aqui de nenhum capataz? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Algum camponês voltaria a pagar a algum latifundiário? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”) Voltaria a vender seu café e seu cacau a nenhum intermediário? (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”)
Algum operário estaria disposto a trabalhar para que esses mandriões preguiçosos continuassem enviando seu dinheiro para fora e virarem em milionários?  (EXCLAMAÇÕES DE; “Não!”)
 
Quando um trabalhador ou um camponês foi de passeio num carro cadillac? Quando viveu num palacete? Quando foi a Miami? Quando foi a Nova Iorque? Quando foi a París? (EXCLAMAÇÕES.) Há algum cidadão, algum camponês ou algum trabalhador disposto a voltar a trabalhar para aqueles exploradores? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Há aqui presente algum? Existe algum que não compreenda hoje que era miseravelmente explorado por aqueles ricos? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Há alguém que não compreenda? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Todos compreendem? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Já sabem por quê existia o tempo morto? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Sabem por quê havia fome? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Sabem por quê havia analfabetos? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Sabem dizer por quê não havia hospitais (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) por quê não havia escolas (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) por quê não havia caminhos (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”), por quê não havia obras de construção (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”), por quê havia tanta miséria e tanto desemprego no nosso país? O podem explicar? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) , Simplesmente porque o dinheiro era levado pelas companhias estrangeiras, pelos ricos, gastavam em lucros, gastavam em passeios, em viajens!
 
E, por isso, precisamente por isso, no nosso país havia tanto atraso, tanta pobreza, tanto desemprego, tanta falta de cultura, tanta miséria.
E então, vocês acham que tudo isso pode voltar? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”)
 
E por quê não pode voltar tudo isso aí? Em primeiro lugar, aquém vão governar, a quem vão governar aqui? (EXCLAMAÇÕES DE: “A ninguém!”) Como podem esses senhores sonhar com voltar a governar aqui? Esses senhores não percebem que esta Revolução não tem volta atrás?
 
Porém, além disso, não apenas deparariam com este povo, este povo não os aceitaria jamais, não os voltariam a aceitar jamais; todo aquele lixo foi embora para sempre, todo aquele lixo não poderá voltar jamais a nossa pátria.  Mas não apenas porque tudo isso vai contra os nossos sentimentos e vai contra os nossos interesses, e vai contra a nossa vontade, mas sim, e aliás, como poderiam voltar?
 
Acaso é que estamos amarrados de pés e mãos?  Acaso estamos desarmados? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Como poderiam voltar? Como nos vão tirar as espingardas que todos e cada um de nós temos?
E, além disso, como vão regressar, como podem ter esperanças de regressar, se há nove anos eles o tinha tudo, se há nove anos tinham o exército organizado e treinado, controlavam todo o dinheiro do país, controlavam todas as fábricas, todos os bancos, todas as terras, e o povo não tinha nada para combater, se há nove anos tivemos que começar esta luta com apenas espingardas e fuzis 22, e com revolveres e com pistolas (APLAUSOS); se há nove anos tivemos que atacar essas fortaleça que hoje é uma escola, onde havia um regimento, e, éramos uns poucos homens e estávamos mal armados e não tínhamos treino militar; se há seis anos éramos apenas alguns homens, mal armados também, os que organizamos as primeiras guerrilhas nas montanhas, e eles tinham exércitos, tinham dezenas de milhar de homens com armas, tanques, aviões, com todos os milhões da república, a ajuda dos imperialistas ianques, e, no entanto, foram derrotados.
 
Vocês lembram-se do que aconteceu em 10 de Março, como Prío entrou para a embaixada e foi embora? Lembram-se disso?  Lembram-se como todos eles foram embora e deixaram o povo abandonado?
 
Naturalmente que o povo não os queria, mas pelo menos o povo estava disposto a defender a constituição; ainda que aquela era constituição burguesa, pelo menos era melhor que o quartelada militar.  Entram para uma embaixada e foram embora.
 
Depois Batista disse que ele tinha uma bala no directo (EXCLAMAÇÕES).  E chegou o dia 31 de Dezembro – e isso que o grosso das nossas tropas se encontravam em Santa Clara-, tomou o avião com todos os seus generais e foram embora.
 
Agora acontece que se uniram todos os batistianos, os priístas, toda aquela gente, e acham que podem voltar ao nosso país, apoiados pelos norte-americanos (EXCLAMAÇÕES DE; “nunca!”).  Esqueceram a história, esqueceram a história, esqueceram que aqueles que estão agora no poder foram os homens que lutaram, o povo, aquele que fez a eles correr aquele dia 31 de Dezembro (APLAUSOS).  Esqueceram esse povo, que começou com apenas uns poucos fuzis e que hoje tem armas de todo o tipo, poderosas, para se defender e para combater, um povo invicto! Como disse aqui este trabalhador (APLAUSOS).
 
Como podem voltar aqui para tirar a terra aos camponeses; para matar a fome aos nossos operários; deixar as nossas crianças sem escolas; para trazer novamente o roubo, a corrupção, a repressão, o abuso daquela sociedade podre, abusadora, exploradora?  Como podem sonhar com semelhante coisa?
 
Como? Como podem voltar? Eles acham que podem voltar.  E os norte-americanos acham que vão-nos impor novamente esses senhores aqui no nosso país (EXCLAMAÇÕES DE: “Nunca!”).
 
Acham que aqui vai regressar aquilo de que em determinados teatros apenas podiam entrar brancos, que nas praias apenas podiam tomar banho os ricos.  Acham que pode voltar à discriminação, a humilhação e todas aquelas coisas que havia aqui.  Acham isso, e a gente se pergunta, estarão tão loucos, ou estarão tão enganados que podem imaginar o regresso ao nosso país?
 
Bem, mas isso é o que acontece com todas essas classes exploradoras quando perdem o poder.  Seu ódio de classes não lhes deixa ver a realidade; e, além disso, o apoio dos imperialistas, o apoio dos imperialistas... (EXCLAMAÇÕES DE: Raúl, Raúl”!), o apoio dos imperialistas faz com que acreditem que é possível voltar a governar este povo pela força (EXCLAMAÇÕES DE: Nunca!”).
 
Já é tarde, essa é a palavra! Já é tarde.  Porém há mais alguma coisa: Sempre foi tarde!  Desde o primeiro dia foi tarde e agora é mais tarde do que nunca!, como disse aqui um cidadão (APLAUSOS).
 
Esta luta foi iniciada pelos nossos antepassados em 1868; desde 1868 não deixaram de lutar.  Vocês são descendentes de muitos desses mambises que lutaram nos campos de Oriente; vocês ouviram falar das histórias, das façanhas dos nossos mambises em 1868 e em 1895.  Todos os que vivem nas nossas montanhas, nos nossos campos, na zona norte, na zona sul, em todos os cantos da nossa província, conhecem aquela história; conhecem a história da intervenção ianque, que quando os espanhóis estavam quase derrotados, eles vieram para obter as coisas fáceis, intervieram, e a Calixto García não o deixaram entrar nesta cidade de Santiago de Cuba.  Depois, tiravam e punham governadores.
 
Bloqueio contra os ladrões? Não! Bloqueio contra os criminais? Não! Bloqueio contra aquelas bandas exploradoras, discriminadoras? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Não!  Contra aqueles não havia bloqueio, mas sim ajuda; porque todos aqueles grupos os ajudavam a eles; todas aquelas pandilhas tinham vendida a nossa pátria, tinham vendido ao nosso povo e exploravam o nosso povo em prol da pandilha e dos monopólios estrangeiros.
Por isso, os imperialistas ianques nunca pensaram em tirar o petróleo a Prío nem a Batista; nem tirar-lhes a quota açucareira; nem proibir a exploração de peças sobresselentes para as fábricas, nem peças sobresselentes para autos ou para camiões, para transportes.  Não!
Eles proibiram a exportação de peças sobressalentes para o poder dos trabalhadores e para o poder dos camponeses; porque eles não querem poder para os trabalhadores nem poder para os camponeses em Cuba; porque poder dos trabalhadores e poder dos camponeses em Cuba significa uma esperança e um estímulo para a luta dos camponeses e dos operários de toda a América Latina e adeus aos monopólios ianques em todo o nosso continente (ALGUEM DO PÚBLICO DISSE: e lhes tira o sonho também”), e lhes tira o sonho (APLAUSOS).
 
Então, tiram-nos a quota açucareira; tiram-nos o petróleo, proíbem a exportação de peças sobressalentes para paralisar as nossas indústrias, para paralisar os nossos autocarros, nosso transporte; boicotam as nossas vendas no estrangeiro.  Organizam pandilhas de criminais; pagam aqueles que assassinam professores, aos que queimam as lojas, aos que queimam fábricas, aos que põem bombas; os treinam para matar, para matar anciãos, para matar crianças.  Olhem bem a quem assassinam: a homens do povo, a homens humildes.  Assassinam a jovens que estão a ensinar outras pessoas; a pescadores como aquele que assassinaram na Base de Caimanera; assassinam a humildes milicianos; soldados que não são como os soldados dantes – que abusavam e roubavam, levando as galinhas, os porcos, e abusando com as famílias da gente do povo-, não!, este é um soldado que defende a pátria, que não rouba, que constrói uma cidade escolar, que corta cana, que é exemplo de cidadão (APLAUSOS).
 
E torturam, como torturavam antes, como vocês devem lembrar, que apareciam os homens assassinados nas esquinas; os jovens torturados.  Assim apareceu Ascunce e o camponês Lantigua, matados a faca pelos criminais que os torturaram até morrer, assim torturaram o pescador.  Porque são os mesmos; esses que estão na Base, os que estão em Miami, os que estão em Nova Iorque, são os mesmos que aqui assassinavam, são os mesmos que aqui torturavam, são os mesmos que em Oro de Guisa, por exemplo, mataram 45 camponeses apenas numa tarde; os que em Ojo de Água, em Peladero e em todos esses sítios mataram famílias inteiras.  Esses são os mesmos assassinos que assassinavam antes, e que agora homens do povo.  E para quem trabalham? Para os monopólios.
 
Quando a loja El Encanto, era de um dos milionários, quando o dinheiro que ganhavam os donos dessa loja era para ser gasto no estrangeiro e para ser guardado nos bancos estrangeiros, então não eram queimadas e não como agora, que serve para fazer fábricas, ou para enviar medicamentos, ou para enviar professores ou para construir estradas para o povo,; então agora as queimam.
 
Quando a loja El Encanto era dos milionários, quando a Companhia de Electricidade era norte-americana, então sim, então a cuidavam os imperialistas. Então, agora não, agora que pertence ao povo, agora que há um programa para electriicar, para dobrar a energia elétrica no nosso país, querem destruir.
 
Quando a cana de açúcar era dos latifundiários, então não era queimada; entretanto agora vem as suas avionetas com seus agentes para queimar a cana, agora porque pertence aos camponeses, que já não tem que pagar rendas, agora que é dos cooperativistas, que se trata dum local de serviço onde trabalham os operários todo o ano. Quando havia tempo morto, então não queimavam a cana de açúcar, agora que não há tempo morto, agora que todo o mundo trabalha, então agora sim querem queimar a cana.
 
Essa é a maneira de actuar deles.  Então, o quê acham? O quê acham? Acham que vão amedrontar o povo? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não”!) Que vão amedrontar o povo? Que vão render o povo com o bloqueio?  Que vão pôr o povo de joelhos? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não”!) Esses são os métodos que estão a utilizar para trazer de volta aos Batistas, aos Chavianos, aos Ventura, aos Príos, e a todo aquele bando de ladrões, corrompidos, covardes e malversadores.  Por essa via querem obrigar o povo a suportar a repressão, a incultura, o abuso, o tempo morto, e aquela vida insuportável que vivia o povo.
 
E isso é o que acreditam os imperialistas. Mas simplesmente o povo disse: Não!O povo disse: Não passarão!
 
Já eles se enganaram uma vez aquando o ataque a Playa Girón, acharam que os nossos aviões não iam ser capazes de derribá-los, que iam apoderar-se de um pedaço do nosso território, que a partir daí iam bombardear as comunicações, as estradas, os caminhos de ferro, os autocarros, os camiões, as cidades (ALGUEM DO PÚBLICO DIZ: Mas não conseguiram!”) Vieram e ficaram na tentativa! Já se enganaram uma vez.
 
Ora bem, como temos que fazer face a estes factos? Como temos que actuar perante estas realidades?
 
Camponeses e operários: reunímo-nos aqui para comemorar condignamente o dia 26 de Julho; reunímo-nos aqui para honrar dignamente a memória dos que morreram há nove anos um dia como hoje (APLAUSOS), reunímo-nos aqui para render tributo a todos os que caíram, desde o primeiro soldado mambí que morreu em 1868 até o último miliciano assassinado pelos imperialistas (APLAUOSO E EXCLAMAÇÕES DE: “Fidel, Fidel!”); reunímo-nos aqui para cumprir um dever de gratidão.  Mas também reunímo-nos aqui para saber o quê devemos fazer nesta altura; reunímo-nos aqui para saber qual o nosso comportamento perante a pátria, para com a Revolução.  Reunímo-nos aqui homens e mulheres do povo, os homens e mulheres humildes do povo em cujas mãos estão os destinos da pátria, o povo que governa hoje para o seu próprio destino, o povo que governa hoje para seu próprio interesse , o povo que trabalha para ele e para seus filhos, para a geração presente e as futuras gerações (PALMAS).
 
O povo de Oriente, o patriótico povo oriental, que sempre tem dito presente (APLAUSOS), que sempre esteve na vanguarda de todas as lutas libertadores (ALGUEM DO PÚBLICO DIZ: “Y ESTAREMOS, FIDEL!”), que entregou dezenas de milhar de heróis à luta pela liberdade de seu país; o povo de Oriente reúne hoje para comemorar este IV Aniversário, não de uma Revolução concluída mas sim de uma Revolução que luta, de uma Revolução que não terminou e sim apenas começou (APLAUSOS).
 
O povo de Oriente reúne-se hoje para levantar o moral, o povo de Oriente reúne-se hoje para se situar também a vanguarda da ofensiva ante os inimigos da Revolução (APLAUSOS); o povo de Oriente reúne-se hoje para decidir como enfrentar os perigos que ameaçam a pátria, perante as dificuldades que possa encarar a Revolução.
 
Vocês entendem a Revolução (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”), vocês sabem o que significa a Revolução (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”). Para vocês isso não representa um ministério, já isso para vocês não é um segredo.
 
Ora bem: nós devemos saber o quê fazer.  Cada camponês, cada trabalhador, cada estudante, cada soldado da pátria, como povo disciplinado, como parte de um povo revolucionário e disciplinado, deve saber como agir, o quê fazer nesta altura da Revolução, o quê fazer frente aos inimigos.
Já o povo não pode ser enganado com palavras falsas, já o povo compreende o significado real de cada palavra.  Os burgueses, quando governavam no nosso país, falavam de “liberdade”.  Qual liberdade? A liberdade de matar a fome aos camponeses e aos operários.
 
Mas, de quê liberdade podia falar o mendigo? De quê liberdade podia falar o analfabeto? De quê liberdade podia falar o homem sem emprego? De quê liberdade podia falar a criança que não tinha escola? Quê liberdades eram aquelas? Aquelas eram as liberdades burguesas (ALGUÉM DO POVO DIZ: “A liberdade de pedir esmola, Fidel”).  A liberdade de pedir esmola; a liberdade de ser explorado miseravelmente; a liberdade de ter que ir parar em prissão , ou a um bordel para muitas pessoas humildes.  Essas eram as liberdades as que eles se referiam.
 
Nesta altura essas coisas não confundem ninguém.
 
A liberdade dos políticos de fazer política que nada tem a ver com o povo, de roubar, de malversar, de acabar com o país.
 
Já essas coisas não confundem ninguém.
 
O povo já foi aprendendo muito, foram abrindo os olhos. Já aqui muitas das coisas que eu digo, não são ditas por mim, são ditas pelo povo (ALGUÉM DO POVO DIZ: “Fidel, mas ainda temos que aprender muito”)
 
Sim, isso é verdade. Você disse uma grande verdade: aprendemos muito, mas ainda falta muito por aprender.
 
Eu vou fazer uma pergunta, desejam? Vão contestar com sinceridade? (EXCLAMAÇÕES AFIRMATIVAS).  Quantos de vocês sabiam o que era Revolução há quatro anos? (EXCLAMAÇÕES DE: “Ninguém!”) Que levantem as mãos aqueles que não sabiam! (OS PARTICIPANTES LEVANTAM A MÃO.) Agora, que levantem a mão os que agora já sabem o que é a Revolução! (TODOS OS PARTICIPANTES LEVANTAM A MÃO.)
 
Isto é, significa que todos nós queríamos a Revolução, mas não sabíamos bem o quê era.  Não é? O instinto dizia-nos que aquilo que existia anteriormente era mau, o instinto dizia-nos que havia que acabar com todo aquilo; mas não sabíamos como.
 
Não pensem que isso era apenas coisa do povo.  Isso era coisa de todos, incluso de nós.  Isto é, nós tínhamos uma ideia, não tínhamos a experiência que temos hoje.
 
Quando nós organizamos o ataque ao Quartel Moncada, a maior parte dos companheiros tinham entre 20 e 30 anos; depois fomos parar à prissão uma parte, outra parte dos companheiros foram assassinados e muito poucos puderam fugir.
 
Depois voltamos à luta, estivemos 25 meses na Serra Maestra e, quando chegamos ao poder, a maior parte dos companheiros seguíamos sendo jovens, com uma média de 30 anos e até menos.
 
Nós tínhamos muito pouca experiência. Muitos companheiros com mais experiência ou com mais anos nunca tiveram a oportunidade de viver uma Revolução.  Porque a Revolução do ano 1933 foi esmagada pelo imperialismo.  Então nosso povo tinha experiência de luta no ano 1868, em 1895, quando Machado, mas não tinha experiência de governar um país.
 
Imaginem vocês! Descemos nós da Serra Maestra. Em 25 meses, tínhamos apreendido a combater os soldados, a armar emboscadas, cercar tropas; tínhamos aprendido a fazer a guerra. Mas depois se apresentou um problema muito difícil: como governar um país.
 
Não havia organização, havia muito pouca experiência, o aparelho administrativo era velho, havia que começar a fazer tudo novo, e tínhamos que fazê-lo nós com a pouca experiência.
 
Porém vocês devem lembra que nós nunca dizemos que sabíamos; nós dizemos que estávamos como quando desembarcamos no iate “Granma”.  Vocês lembram isso? (EXCLAMAÇÕES AFIRMATIVAS).
 
Nós nunca enganamos o povo.  Nenhum de nós apresentou-se perante o povo como grandes estadistas, como grandes governantes, mas sim dissemos: não sabemos de nada, mas vamos aprender; não sabemos muito, mas temos muito boas intenções, não sabemos muito , porém queremos trabalhar para o ,povo; não sabemos muito porém queremos cumprir com o povo, ser fiéis ao povo, ser leais ao povo (PALMAS).  E isso o cumprimos.  Temos sido firmes, temos sido fiéis, temos sido leais ao povo, temos trabalhado para o povo.
 
Não tínhamos muita experiência, mas sim tínhamos muita vontade de ajudar o povo (PALMAS).
 
Ora bem, mas a nós nos aconteceu como a vocês.  Hoje não podemos dizer que sabemos muito, mas sabemos mais do que antes, igual que vocês, que não sabiam o que era uma revolução, não sabiam o que era o socialismo muitos de vocês. E então assustaram o povo com essa palavra. E então você se encontrava com um camponês que estava a pagar renda, que estava a passar fome; perguntava: Você concorda com que se faça uma reforma agrária, que se confisque a terra ao latifundiário, e você não pague mais renda? Sim.  “Você concorda com que todas essas terras que são do norte-americano sejam para o país, igual que todas essas fábricas de açúcar?” Sim. “Você concorda com a rebaixa dos alugueres, que se abram as escolas; que todos esses bancos, em lugar de ser de alguns particulares que cobram altos lucros, sejam do Estado?” Diziam: Sim.  “Que acabe o analfabetismo?” Sim.  Que haja um exército do povo, um povo armado? E dizia: Sim.  E a todo dizia que sim.  “Você concorda com o socialismo?” Ah, não.
 
Então, ele tinha medo dessa palavra, ele tinha medo mesmo a essa palavra.
 
Você concorda com que acabe a discriminação?”Sim. Você concorda com que se abram todas as praias para o povo?” Sim.  Concordavam com tudo, com todas as coisas ligadas com o socialismo; mas você perguntava: Concorda com o socialismo? E diziam: Não.  Porque tinham medo, já lhes tinham inculcado o temor.
 
Isto é, que esse camponês, de facto, e esse (EXCLAMAÇÕES) Calma.  Bom é que não são culpados, cada vez que alguém desmaia... Vamos ver se fazemos um esforço.
 
Ora bem, então tinha assustado o povo com essas palavras.  Ao povo, ao homem simples de povo, quem esteve sempre mergulhado na ignorância, analfabeto; não lia outro jornal nem outra revista que os jornais e as revistas dos burgueses, não escutavam outra coisa por rádio a não ser as coisas dos burgueses, e os tinham assustado com o socialismo.
 
Então, agora vocês dizem: “Agora entendemos melhor o quê é a Revolução.” Agora sabem o que é o socialismo. Qual a primeira coisa que predica o socialismo? Quem não trabalha não come. Isto é, que constitui uma obrigação para todos os cubanos trabalhar.  Agora, alguém tem medo do trabalho? (EXCLAMAÇÕES) O camponês tem medo do trabalho? (EXCLAMAÇÕES DE: Não!”) Não pode temer ao trabalho porque isso é o que fez toda a sua vida. O operário pode ter medo ao trabalho? (EXCLAMAÇÕES DE: Não!”) Por quê? Porque isso é o que fez toda a sua vida: trabalhar.
 
Quem tem medo ao trabalho? (EXCLAMAÇÕES DE: Os burgueses!”) O explorador, porque esse nunca fez nada, esse apenas cobrava, vivia sem trabalhar, vivia dos outros. Para esses senhores falar de trabalho era a pior coisa do mundo, porque tinham terror ao trabalho.
 
Ora bem, o socialismo o quê estabelece? Ninguém deve viver do trabalho dos outros.  Algum camponês ou algum operário está preocupado com que se suprima o direito dos exploradores? (EXCLAMAÇÕES DE: Não!”) Estão preocupados com que se acabem as parasitas ? (EXCLAMAÇÕES DE: Não!”) Que acabem os preguiçosos? (EXCLAMAÇÕES DE: Não!”) A quem preocupam os preguiçosos e as parasitas. Vocês camponeses sabem o que é o zângão, que é aquele que na colméia come e não produz mel (EXCLAMAÇÕES).
 
Bom que acontece, não se ouve por aí, então há que esperar há muitas pessoas que estão a escutar e há que continuar a falar para eles.
Ora bem, o povo sabe que o socialismo significa que não se esbanjem os recursos, que não se deite fora o dinheiro,que não vá para o estrangeiro, que a economia se organize e se planifique, e que todo o dinheiro que antigamente deitavam fora em preguiça e em lucros seja investido em fábricas, em meios de produção, para elevar o modo de vida de todo o povo e dar mais capacitação técnica ao povo.  Quem não entende isso?
 
O povo entende isso, e o povo concorda com isso.  Agora, os contra-revolucionários dizem aos camponeses: Isto é socialismo, e vão te socializar a terra”. E nós ao pequeno camponês lhe dizemos: “Não acreditem nesses contos; isto é socialismo, e por ser socialismo não vamos socializar o teu pedaço de terra. Por quê? Porque você, camponês, é um aliado da classe operária; porque você, pequeno camponês, não exploras ninguém; porque você pequeno camponês, trabalhas junto da tua família e produz.  A classe operária não tira a tua terra; pelo contrário, a classe operária te dá crédito, manda-te professores, médicos, constrói estradas, educa teus filhos, compra-te os teus produtos, paga-te bons preços, e esforça-se por fornecer-te tudo aquilo que você precisa aí no campo.” Isto é o que o operário diz ao camponês (PALMAS).
 
Que temam os latifundiários! Porque ao camponês que não explora ninguém, que trabalha a classe operária o ajuda.
 
Há uma coisa mais.  Agora não há que recolha o café das montanhas. Por quê? Porque não há tempo morto, e como não há tempo morto, já aquela gente que em tempo morto ia recolher café, já não vai, porque tem trabalho nas granjas e cooperativas. No entanto, a classe operária mobiliza os estudantes e os manda com os camponeses.
 
O ano passado mobilizou os estudantes para ensinar a ler e a escrever aos camponeses, e este ano os mobiliza para que recolham o café.
Já se ouve por lá porque eu estou-me a ouvir a mim próprio... (RISOS E APLAUSOS).
 
Então, este ano vai mobilizá-los para ajudar os pequenos agricultores a colher café.
 
Quando nós visitamos a Serra Maestra, deparamos com que havia escassez de roupa, de sapatos e de alguns outros artigos. Imediatamente o Governo Revolucionário tomou medidas para que chegaram as roupas e os sapatos ao campo, às montanhas, imediatamente, e já nós soubemos através dos mestres voluntários que esses artigos já chegaram a muitos sítios das montanhas que faltavam por chegar.
 
Isto é, que essa é a relação entre os operários e os camponeses; é por isso que os camponeses são muito aliados dos operários; por isso os camponeses das montanhas de Oriente deram, para além de milhares de soldados rebeldes que saíram das montanhas, 25.000 milicianos surgidos das nossas montanhas ((PALMAS).), Esses camponeses estiveram no Escambray, estiveram em toda a ilha, lutando junto dos operários, defendendo aos operários.  Portanto esses camponeses são os melhores aliados da classe operária, e é por isso que se fala da aliança operário-camponesa.  Eles tentam produzir legumes, produzir café, produzir artigos, ajudam à economia; e ao mesmo tempo, os operários os ajudam a eles.  Os operários os defendem a eles; eles defendem os operários. Assim que esta é a aliança ((PALMAS).).
 
Os camponeses não têm nada a temer, os pequenos agricultores nunca têm que ter medo de nenhuma medida por parte dos operários, porque os operários respeitam a vontade do pequeno agricultor; que ele cultive como desejar; se quer se associar com o outro, associa-se; se não quer não se associa.  A Revolução respeita esse direito do pequeno agricultor.
 
Ora bem, nesta altura é muito difícil enganar um camponês da Serra Maestra, ou de Baracoa, ou do Segundo Frente, e muito menos a esse camponês que esteve em contacto com as tropas rebeldes durante a guerra; e por isso esse camponês junto com a classe operária, é nesta província um bastião impenetrável da Revolução.
 
Os contra-revolucionários e o imperialismo, desde a Base de Guantánamo, tentaram reiteradamente organizar guerrilhas em Oriente, mas não puderam, não puderam (EXCLAMAÇÕES), porque aquilo que lhes espera nas montanhas não é nada agradável (EXCLAMAÇÕES), Isto sem contar aquilo que lhes vai acontecer na planície, naturalmente; não, não com os mesmos camponeses que estão ali.  Porque nós já vimos a organização militar dos camponeses, e têm uma organização militar fantástica.  Eu lhes posso garantir que o desembarque por aí, filtrado ou seja lá como for, por aí pela Serra Maestra, não se materializa, não chega à Serra Maestra (APLAUSOS).  Além disso, esses camponeses são uma infantaria formidável; esses camponeses caminham mais do que qualquer de nós, os que andamos nas cidades, porque enquanto nós nos sentamos um tempinho para descansar eles já caminharam dois quilómetros a mais.  São uma formidável infantaria.
 
É por isso que os trabalhadores têm que manter firme essa aliança entre os operários e os camponeses.  Por seu lado, os operários realizam o máximo esforço por ajudar os camponeses na educação, nos medicamentos, nos alimentos, nos provimentos, nos créditos, nos meios de trabalho que eles precisam, nos preços.  Isto é que essa aliança se mantém sobre uma base muito sólida.
 
 
Socialismo não significa socializar esse pequeno agricultor.  Esse pequeno agricultor é livre de se associar ou não; eles podem fazer o que querem.  Esse é um trabalhador que trabalha junto da sua família, não explora ninguém.
 
Ora bem: o socialismo defende que o especulador não deve existir; o socialismo diz que esse que quer viver sem trabalhar não tem nenhum direito a viver do trabalho dos outros, que o explorador não deve existir.  Há muita gente que não quer trabalhar, logo querem montar um negócio, “um quiosque”, qualquer coisa.
 
Infelizmente, no nosso país ainda existe muita gente parasita; há burgueses urbanos e burgueses rurais.  Essa gente é amiga entre si.  Os sapatos que chegam à loja de um burguês, ele guarda-os para seus amigos burgueses; a roupa que chega à loja de um burguês, ele guarda-a para os seus amigos burgueses (EXCLAMAÇÕES).  Com a comida acontecia a mesma coisa, com a comida passava a mesma coisa, e nesta altura já há uma melhor organização; mas antes de existir a caderneta de racionamento por exemplo em Havana, aquele que tinha padrinho “baptizava-se”, não é? (EXCLAMAÇÕES).  É dizer que os burgueses, entre os burgueses ajudavam-se, mas aos trabalhadores não.  O quê tivemos que fazer? Pois tivemos que estabelecer a caderneta de racionamento.  Para quê?  Bom, para que aqueles que tinham dinheiro não fossem ficar com tudo (EXCLAMAÇÕES), para que os trabalhadores também pudessem ter alguma coisa.  Naturalmente, anteriormente não havia problemas porque o trabalhador não tinha dinheiro para ir comprar lá; entretanto, agora, quem aqui não tem algum dinheiro para ir comprar à loja? Porque em cada família há mais de um membro a trabalhar; em muitas famílias há dois, três, quatro; anteriormente apenas havia um.  E agora, os cinemas sempre estão cheios, os espectáculos públicos sempre estão cheios, tudo está cheio de pessoas a assistir.  Ora bem, se você permite que aqueles que têm dinheiro distribuam entre eles as mercadorias, então os trabalhadores saem prejudicados, e é por isso que se estabeleceu a caderneta de racionamento.  Mas isso mesmo que se fez com os alimentos, é necessário fazer com outros produtos, dando prioridade aos trabalhadores (PALMAS).  Quem aqui são os que devem ter preferências? Quem deve ter preferência a hora de adquirir a roupa e os sapatos? (EXCLAMAÇÕES DE: Os que trabalham!”)  Os que trabalham.
 
Olhem, agora mesmo o Governo Revolucionário está a distribuir 5.000 geleiras.  Não os colocou à venda nas lojas.  Sabem por quê?  Porque acontece que chega aquele que tem dinheiro e compra uma geleira; então o trabalhador é possível que não a possa comprar.  Então, o quê se está a fazer?  Estão a ser distribuídas através dos sindicatos essas 5.000 geleiras.  Porque do contrário os burgueses compram as geleiras. Estão a ser distribuídas 5.000.  Se tivéssemos 100.000... porém apenas eram 5.000.  De haver a mais, mas como não há então essas têm que ser vendidas aos trabalhadores.  E quando cheguem mais 5.000, voltamos a vender aos trabalhadores (PALMAS); aos trabalhadores organizados e aos camponeses pobres.  Escutem bem: a preferência é para os trabalhadores organizados e para os camponeses pobres, isto é, para os trabalhadores e para os pequenos agricultores ((PALMAS)).
 
Quem está contra isso?  E quem concorda com isso? (EXCLAMAÇÕES DE: Todos!”) Todos concordamos, não é? Que levantem as mãos os que concordem com... Isso significa que aqui não há burgueses (EXCLAMAÇÕES).
 
Significa que nós temos que ir organizando as coisas no nosso país, de forma que os benefícios sejam cada vez mais para aquele que trabalha e cada vez menos para aquele que não trabalha.
 
Talvez para o próximo ano tenhamos que dizer: Bom, pois para visitar Varadero, há que ser trabalhador ou camponês pobre, pequeno agricultor.” E pode ser que todos esses centros vão ser organizados aos poucos, de forma que todos esses bens... Para quem devem ser?, para os que trabalham para a sociedade.
 
Ora bem, aquele que quer trabalhar para si próprio, aquele que não quer fazer nada para a sociedade, aquele que é ambicioso, aquele que é egoísta...então: que ganhe todo o dinheiro que quiser. Mas: quando chegue a um centro turístico, as boas praias, as melhores coisas, “serão para os trabalhadores”
 
Vou explicar por quê? Porque o povo tem muito mais dinheiro que todo aquilo que podemos produzir neste momento, porque centenas de milhar de pessoas começaram a trabalhar, e as indústrias que nós tínhamos não eram suficientes para satisfazer toda a demanda actual.
Ora bem, a economia há de ir desenvolvendo aos poucos.  Já para o próximo ano, para fins do próximo ano, a fábrica de geleiras, de rádios, de cozinhas; já teremos a nossa primeira fábrica de produção desses artigos concluída.
 
A quem vamos entregar? Aos trabalhadores.  Porque, como nós sabemos que o povo tem dinheiro, então temos que distribuir as coisas de forma tal que os benefícios sociais sejam cada vez mais para aquele que trabalha. Isso é que significa a palavra Socialismo (PALMAS).
 
O problema é que vocês vão entendendo estas coisas.  Estas coisas são o benefício daqueles que trabalham.  A nossa sociedade tem que ser cada vez mais, uma sociedade dos trabalhadores e para os trabalhadores; e cada vez menos uma sociedade de parasitas, e para as parasitas.
Quem está oposto a isto? As parasitas apenas (EXCLAMAÇÕES DE: As parasitas!”) Quem se opõe à justiça? As parasitas, aqueles que querem viver na preguiça. A esses não temos que ter medo. Há pessoas que, inclusivamente, sentem saudades das companhias americanas. Naturalmente, porque chegavam à companhia americana e gozavam de certos privilégios, de certos favores.
 
Olhem, por exemplo, ontem nós estávamos a visitar um museu em La Gran Piedra.  Este era dos antigos cafeeiros franceses, e ali, entre as coisas exibidas, vimos os grilhões com que atavam a seus escravos.  Isto produz uma impressão muito forte porque pensas naqueles homens que estavam atados por correntes, e então a gente lembra-se do seguinte: que quando houve a rebelião dos escravos no Haiti, muitos daqueles vieram a fugir de Haiti e trouxeram alguns escravos com eles.  É dizer, alguns escravos vieram com aqueles senhores, e preferiram continuar sendo escravos; tendo chegado a liberdade para os escravos no seu país, eles vieram de escravos com seus amos e estes seguiam a colocar-lhes grilhões nos pés.
 
E eu comentava com um companheiro que estava lá: Esta situação é parecida, estes empregados da companhia norte-americana dos telefones são parecidos àqueles escravos do Haiti, por exemplo”. Existem outros empregados de tipo aristocrático, de algumas dessas companhias, que tinham a mesma mentalidade que esses escravos que vieram acompanhando seus amos e com seus grilhões, que continuam a sentir saudade do chefe ianque que lhes falava com um inglês torcido e, porque o cumprimentava, ele ficava contente; e sente saudades.
 
Mas, naturalmente, existe um tipo de pessoa que trabalhava em companhias monopolistas e que fazia um trabalho muito cómodo, muito suave.  Esse não o trabalho de cortar cana, sabem ?  Esse não o de trabalhar numa canteira, numa obra, não?  Esse era um trabalho muito mais suave. E, claro, certos tipos de trabalho eram trabalhos privilegiados com relação ao verdadeiro trabalhador.  Porque, enquanto um trabalhador agrícola era quem sustentava a indústria açucareira, e a indústria açucareira era a que sustentava aqui todos os vícios e lucros dos ricos, no entanto, esses trabalhadores da indústria açucareira ganhavam uma miséria, fazendo o trabalho mais duro, enquanto havia outro tipo de pessoas que a empresa tentava aderir. Existe desse tipo de pessoas.
 
Ora bem, com essas pessoas há que adotar este tipo de atitude: tentar convencê-los; se é que estão confusos, explicar-lhes.  Agora se vão contra a Revolução, há que ser muito, enérgicos contra eles!  Se começam a falar besteiras, é enfrentá-los energicamente e desmascará-los (APLAUSOS).
A grande união revolucionária dos trabalhadores e dos camponeses, nada tem que temer dessas pessoas.  Olhem: os revolucionários não tem nada que temer de ninguém; enfrentou o exército, que dizia que era invencível, e o derrubou; enfrentou o imperialismo, e aqui estamos.  Desta maneira aos poucos enganados , a esses que sentem saudades dos chefes ianques, e pelos amigos ianques, e pelo cara que lhes falava em inglês, e sentem saudades pela opressão, não há que temer; enfrentá-los, dizer-lhes na face a sua falta de civismo, a sua falta de patriotismo; falar sobre o passado, do que havia aqui; falar dos nossos campos, da ignorância, da incultura, do jogo ilícito, de todos os vícios que havia.  Dizer-lhes: “Olhem, aqui a Revolução fez isto, isto e isto”.
 
E, efectivamente, podem existir muitos revolucionários que façam as coisas mal feitas; porque, como eu dizia, camaradas, aqui quando atingimos o poder, ninguém sabia nada de nada, compreendem? E uma grande quantidade de pessoas teve que começar a fazer coisas que não sabiam.
Naturalmente, que cada dia que decorre tem que haver mais exigência, porque já não se pode dizer “eu não sabia”.  Porque, nesta altura quando o povo já aprendeu tanta coisa, não pode haver um funcionário que diga “eu não sei”, porque há 20 cidadãos que dizem imediatamente aquilo que tem que fazer, compreendem? (PALMAS).
 
Ora bem, companheiros e companheiras, o poder revolucionário luta contra tudo o que está mal feito.  Que ninguém acredite que o poder revolucionário fica impassível perante as coisas mal feitas; que ninguém pense isso.  Todos nós lutamos incansavelmente para corrigir cada defeito, para ultrapassar cada dificuldade, para que cada coisa mal feita melhore.  Nós não somos magos; nós somos homens, e temos que lutar muito, e lutar com homens para que cada quem cumpra disciplinadamente com as suas obrigações.
 
Mesmo aqui, agorinha vocês viram que havia algumas pessoas que empurravam umas as outras; nós não concordamos com isso.  Quer dizer: há que lutar.  Que faz calor, pessoas desmaiam... Mas, mesmo assim, olhem como todo o povo agora está calado, a atender.  Olhem, lá todos os chapéus a olharem para cá, como se tem ido animando, como tem ido prestando mais atenção, há mais disciplina, (PALMAS).
 
Isto é, lutamos contra as dificuldades; contra aquilo mal feito, lutamos.  Mas o que temos que ter presente é que não podemos dar direito aos contra-revolucionários. Agora e para sempre as ruas serão para os revolucionários.  E a rua é de nós (APLAUSOS); e a palavra é de nós; e a ofensiva é de nós; e quando um contra-revolucionário fale, há que enfrentar-se com ele (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: Pena de Morte!”) Não! Com dizer-lhe quatro verdades aí, rapidamente chega...Não faz falta chegar a tanto como a pena de morte, não, não! Não para esse contra-revolucionário tagarela esse que espalha boatos, esse que desmoraliza, esse faz o papel de quinta-coluna do inimigo.
 
Naturalmente que há pessoas que por vezes estão zangadas, acordam mal-dispostas e dizem qualquer asneira; não podemos confundir esse com um contra-revolucionário.  O homem que está zangado numa altura – porque qualquer pessoa fica zangada-, não por isso é um contra-revolucionário.  O contra-revolucionário conhece-se é até pelo feitio, pela forma de vestir, a face, os olhos (EXCLAMAÇÕES); o ódio que transmite... (ALGUEM DO PÚBLICO FALA) Mas como?  Bom: aqueles que sabotam queimando a cana já isso não é palhaçada isso já é outra coisa.
 
Ora bem, o ódio que sai pelos olhos de um contra-revolucionário, vocês já viram os olhos de um louco contra-revolucionário? (EXCLAMAÇÕES DE: SIM!”) Já viram o ódio que sente quando passa um cubano negro ao seu lado, um homem pobre? Quando passa um trabalhador, quando passa um camponês, o ódio e o desprezo que sente? Isso não o pode ocultar.
 
O povo deve saber diferenciar entre o cara que ocasionalmente pode expressar uma inconformidade. Ora bem, as críticas são feitas nos locais dos serviços, nas assembleias, seja lá onde for, nas organizações de massas. Onde as coisas estiverem mal feitas, ali temos que discutir; não na rua, não é na rua, onde os inimigos aproveitam. Aquilo que estiver mal tem que ser discutido nos sindicatos, nas organizações de massas, nos nossos núcleos revolucionários, nas salas de aulas.  Aí é onde temos que discutir aquilo que anda mal. Na rua, somos defensores da Revolução.
 
Porque, naturalmente, a Revolução é obra de todo o povo.  Se a Revolução tem defeitos é como um filho que tem defeitos também.  Nós queremos que a Revolução, mas uma coisa é a crítica que fazemos aos revolucionários e uma outra bem diferente a que fazem os inimigos. Aos inimigos não lhe aceitamos as críticas.  As críticas têm que vir dos revolucionários para ser ultrapassadas, porque os contra-revolucionários criticam para destruir, e os revolucionários criticam para superar, para resolver (PALMAS).
 
Além disso, a crítica não apenas deve ser feita nos locais de serviço, nas organizações, nos sindicatos, mas sim através dos jornais revolucionários, estes também devem criticar.  E nenhum administrador pode ficar zangado por ser criticado, ele sim tem o direito de replicar, esclarecer qualquer coisa, explicar qualquer problema.  Essas são as críticas que se fazem nos órgãos da Revolução, que fazem os revolucionários entre revolucionários.  Os contra-revolucionários não porque eles querem é destruir , eles não nos querem ajudar, eles criticam para destruir, para semear a desmoralização, o pessimismo, o desalento.  Um revolucionário, um homem de povo, um trabalhador , um camponês, nunca se deve deixar desmoralizar por um contra-revolucionário, por uma mentira, por uma intriga; nunca deve ficar calado a frente de um contra-revolucionário (PALMAS); porque esses são iguais aos que na guerra, quando há perigo, abandonam a sua posição e fogem, tentando que o resto também fuja.
 
Os trabalhadores e os camponeses têm que ter moral de trabalhadores e camponeses.  Os burgueses acham que os trabalhadores e os camponeses são ignorantes e acreditam em qualquer conto que lhes façam.  E os trabalhadores e os camponeses já apreenderam muito para que acreditem nos contos dos burgueses.
 
E há que ter fe na Revolução, ter fe no povo, ter fe nas massas; saber que com todas as dificuldades , com todos os inconvenientes, e apesar das coisas mal feitas que possam existir...porque contra as coisas mal feitas não descansamos, há que lutar constantemente contra elas, e nessa medida todo funcionara melhor.
 
Qualquer de vocês compreende que onde há um mau administrador --e há muitos em muitos lugares--, existem coisas mal feitas, isso é inevitável.  Já daqui a alguns anos teremos centenas de milhares de administradores preparados pelas escolas da Revolução, que saberão como fazer face aos problemas, como tratar aos operários; serão centenas de milhar de administradores provenientes da classe operária.
Portanto, todos esses problemas serão ultrapassados aos poucos.  Mas a atitude do trabalhador e do camponês tem que ser firme e enérgica frente aos inimigos de classes e os agentes do imperialismo, firme e enérgica!,  porque esses querem voltar ao passado.  Guerra a todo aquele que queira voltar ao passado! Guerra a todo aquilo que queira regressar atrás a história da pátria! Guerra contra todo o que queira regressar à escravidão!
 
Pois é, falando dos grilhões de ontem, eu pensava nisso, que quando aqui se predicava pela liberdade dos escravos, os burgueses diziam: “Não, isso não pode ser; o país fica arruinado!” Então falavam de terror negro; para amedrontar, diziam: “Liberdade para os escravos, não porque vai aparecer um terror negro.” E hoje já falam do terror vermelho.
 
Isto é, antigamente para opor-se à liberdade dos homens, semeavam o medo ao negro; hoje propagam o medo ao socialismo e ao comunismo.  Para opor-se a quê?À liberdade dos escravos.  Porque antes eram escravos que tinham grilhões nos pés, porém existiam alguns que não tinham e eram escravos também, que não se diferenciavam em nada de um camponês que pagava 50% do que produzia, que não se diferenciava nada de um trabalhador que ganhava 50 céntimos ou um peso trabalhando para os latifundiários.
 
Então quando falamos da liberdade dos escravos, quando falamos da justiça, então eles tentam amedrontar, semear o medo. E havia pessoas que, sem dúvidas, estavam tão corrompidas e tão envilecidas, que preferiam aquele regime de escravidão, preferiam o capitalismo; há pessoas que não tinham nem um tostão, e preferiam o capitalismo, porque estão envilecidos totalmente.  Eram como um cão manso a quem maltratam e segue a lamber as botas do amo (EXCLAMAÇÕES).
 
O homem com dignidade, o trabalhador e o camponês, não têm esse espírito de cão mansinho.  Aqueles que defendem o capitalismo e os “gringos” norte-americanos, esses têm espírito de cão mansinho (DO PÚBLICO DIZEM ALGUMA COISA).
 
Porque vocês têm que prestar atenção aqui, e não distrair-se, simplesmente; isso é o que acontece.  Cada coisa no seu lugar.
Ora bem: ouçam isto, para que depois os contra-revolucionários não gozem com vocês (EXCLAMAÇÕES).
 
É por isso que é preciso organizar leituras nas escolas, que já estão organizadas, aproveitar todas as escolas de instrução revolucionária; há que instruir-se, como dizia Raúl armar-se de conhecimentos, conhecimentos para o cérebro; é preciso aprender, estudar, ler os jornais, ler a imprensa revolucionária, as revistas revolucionárias, ouvir os programas revolucionários, enfim aprender, para poder discutir contra as parasitas, contra os cães mansos contra-revolucionários, contra os egoístas (PALMAS).
 
Ora bem, isso apenas é a Revolução? Esse é o principal dever do revolucionário: falar,discutir?  Não! (ALGUEM DO PÚBLICO DIZ: “Trabalhar!”) Pois é, já o disse esse operário.  Qual o principal dever de um revolucionário? (EXCLAMAÇÕES DE: “Trabalhar!”) Se queremos um futuro melhor para a nossa família, se queremos ter mais casas, mais fábricas, mais estradas, mais roupa, mais sapatos, mais alimentos, mais peixe, mais carne, mais aves, mais ovos, mais leite, mais arroz, mais feijões, mais de todos os artigos, o quê vamos fazer? Vamos esperar que alguém produza para nós? Isso temos que o produzir nós próprios!
 
Se quisermos mais, o quê necessitamos? Trabalhar! Olhem, para ter mais produção é preciso duas coisas: em primeiro lugar, trabalhar.  Mas para que o trabalho humano dê frutos se precisam duas coisas também: instrumentos de trabalho e técnicas.  Não produz igual a terra que recebe adubos que aquela que não recebe; não rende igual a semente que é seleccionada que aquela que não, não produz igual a terra que se lavra com arado que aquela que se lavra com um tractor.  Isto é, que a maquinaria é a grande amiga do homem.
 
O trabalho é a fonte de toda riqueza, porém o trabalho será cada dia mais simples, o trabalho será cada dia menos duro, na mesma medida em tenhamos equipamento e tenhamos técnica, é dizer, capacidade técnica.
 
Isso aí resolve-se com três coisas: a industrialização, a mecanização e o estudo.  Isso entende-se, qualquer trabalhador o entende.  Por exemplo, não é mesma coisa cortar cana a mão que aquela que se corta por uma máquina; uma máquina pode cortar a cana de 25 ou 30 ,operários.  Desta forma serão tecnificadas e mecanizadas a construção, as terras agrícolas, as fábricas.  Então enquanto mais se mecanize o trabalho serão necessárias menos horas de trabalho, menos sacrifícios menos e será maior a produção; esse é o caminho a seguir.
 
Mas hoje o que nós temos que compreender é que se queremos mais roupa, mais sapatos, mais casas, mais alimentos, temos que os produzir nós próprios, e não andar a pensar tanto naquilo que nos falta, pensar mais em que aquilo que nos falta não nos faltaria se nós estivéssemos em condições de produzir mais.
 
A atitude dos operários perante o trabalho. O trabalho não é uma punição, o trabalho é uma função honrosa e digna para cada homem e para cada mulher. O trabalho criador, o trabalho que não é vítima da exploração, o trabalho para benefício do trabalhador e para benefício do povo, é a função mais honrosa que pode ter o homem.
 
O pão que se come não será tão saboroso como o pão que se ganha com o trabalho; o pão mais agradável é aquele que se ganha com o trabalho.  A roupa e os sapatos, e a casa em que vivemos adquiridos com trabalho é a maior satisfação. 
 
Por isso, o trabalho é o que diferencia o homem dos animais, porque os animais vivem daquilo que a natureza lhes oferece; o homem vive daquilo que produz, lutando, transformando a natureza, explorando a natureza, e todo o desenvolvimento que o homem atingiu foi impulsionado pelo trabalho.  O trabalho tem sido o grande mestre da humanidade, o grande impulsionador da humanidade! E por isso o homem domina cada vez mais a natureza, graças à experiência que foi adquirindo através de centenas de milhar de anos.  E o homem será capaz de produzir tudo aquilo que precisa para viver decorosamente.
 
E nossa Revolução ajudará o nosso povo para ter um dia satisfeitas todas as suas necessidades, quando o nosso povo seja um povo de trabalhadores, quando o nosso povo tenha as maquinarias e as indústrias suficientes, quando o nosso povo tenha a capacitação técnica necessária.
 
Isso não se pode esquecer jamais: Que apenas será o trabalho quem nos leve a satisfazer todas as nossas necessidades!  E, por isso, trabalhadores e camponeses, há que ter uma atitude digna perante o trabalho, há que ter uma atitude revolucionária perante o trabalho, todos! Esta é uma obrigação de todos. Há que lutar contra toda forma de preguiça, há que lutar contra toda forma de absentismo; há que lutar contra toda forma de vagância. Há que trabalhar! Há que lutar contra todos esses erros, lutar contra o burocratismo, investigar sempre onde estão as falhas de organização.  E é o dever das massas lutar porque se trabalhe e porque exista um maior rendimento, porque a única solução às nossas necessidades, a única solução frente a escassez é o nosso trabalho.
 
O nosso povo terá tudo aquilo que for capaz de produzir; aquilo que sejamos capazes de produzir ninguém nos pode tirar, o que sejamos capazes de produzir será par a nós, o que sejamos capazes de produzir será o que teremos.  E não termos aquilo que a nossa terra rica e com os nossos recursos naturais não sejamos capazes de produzir.
 
Ora bem, ninguém acredite que a abundância se conquista num abri re fechar de olhos.  Alguém acredita nisso? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Que de hoje até amanhã vamos ter grande abundância? Que vamos ter toda a carne que queremos? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Isso leva tempo, isso leva trabalho, leva esforço!
 
Temos que trabalhar todos: os operários, os camponeses, os operários da construção, os trabalhadores da administração, os técnicos. Isso aí será o que aos poucos, nos permitirá ir ultrapassando a escassez de hoje que virará em abundância amanhã. Hoje o que devemos fazer é compartilhar bem aquilo que temos; mas não podemos compartilhar aquilo que não temos.
 
E chamo a atenção para uma coisa: estamos a receber grande apoio do exterior, estamos a receber uma extraordinária ajuda do exterior (APLAUSOS).  Não estamos apenas a consumir ou a inverter aquilo que produzimos, mas sim estamos a consumir e a inverter aquilo que nos estão enviando do exterior , dos países socialistas, os países amigos da nossa Revolução (APLAUSOS).  É extraordinária a ajuda que estamos a receber.
Mas está bem que recebamos esta ajuda só agora; porque não vamos aspirar a estarmos a receber esta ajuda toda a vida, aceitando de outros povos o produto do seu esforço.  Nós não podemos virar num povo parasita; está muito bem receber essa ajuda nesta altura, é correcto que nos ajudem agora, mas nós temos que ir criando a nossa própria riqueza, ir elevando a nossa capacidade de produção, para que algum dia tudo aquilo que nós precisamos sejamos capazes nós próprios de o produzir ou de trocar pelos artigos que nós produzimos.
 
Ora bem, vocês conhecem quem são os que tentam desmoralizar-nos quando há escassez? Sabem quem são? Os burgueses! Os burgueses do campo, isto é os fazendeiros que ainda há por aí; os burgueses urbanos.  Esses são os que tentam desmoralizar o povo com as suas queixas e protestos, são os que aproveitam tudo para tentar semear o pessimismo.  Esses burgueses afectam o espírito da Revolução.
 
É necessário que o nosso povo tenha cada dia mais espírito. Na medida em que organizemos a nossa sociedade como uma sociedade de trabalhadores, iremos fortalecendo espírito proletário da nossa Revolução, iremos esmagando o espírito fraco dos burgueses.  Então o nosso povo estará muito melhor, o nosso povo estará mais preparado (EXCLAMAÇÕES).
 
Vou-lhes dizer mais uma coisa.  A luta revolucionária, companheiros, ainda não terminou, a luta revolucionária está começando agora.  Vocês compreendem? Vocês entendem agora, mas daqui há 4 anos entenderão muito melhor. Ainda falta muito por organizar, por preparar, por capacitar, por disciplinar, para que o nosso povo seja cada vez mais forte, para que o nosso povo seja ainda mais capaz, para que o nosso povo possa ir vencendo as dificuldades. Na medida em que forem desaparecendo as parasitas que ficam ainda por aí, na medida em que vão desaparecendo os exploradores que ficam ainda por aí, a Revolução vai ficar mais fortalecida.
 
Nós dizíamos aos trabalhadores e aos camponeses, que apenas estamos a começar.  Hoje já comemoramos o nono aniversário do 26 de Julho.  A luta começou naquele dia, a batalha começou naquele dia; mas terminou exatamente cinco, anos, cinco meses e cinco dias depois, em 01 de Janeiro de 1959, quando finalmente essa fortaleza, com todos seus soldados, rendeu a sua bandeira perante o avanço vitorioso das nossas forças.  Isso significou o triunfo da luta pela conquista do poder.  Uma vez que o povo atingiu o poder, começou a luta mais difícil, que é a luta contra o imperialismo.  Essa é a luta mais cumprida que temos que desenvolver, e é uma luta que apenas estamos a começar.  É preciso que compreendam isso, que esta luta apenas está a começar.  É preciso que compreendamos isto, que esta luta apenas está a começar.
 
É preciso que compreendamos que ainda a nossa Revolução tem que correr muitos riscos; eu não diria riscos, eu diria batalhas que levar a cabo.  É preciso que compreendamos que as ameaças imperialistas continuam sobre o nosso país, que as ameaças de agressão imperialista – e prestem atenção a isto –são ainda muito grandes para a nossa pátria.
 
Os imperialistas utilizaram diferentes tácticas. Utilizaram a sabotagem, a organização de bandos contra-revolucionários, a invasão de mercenários; depois recrudesceram o bloqueio económico.  Eles achavam que nos iam render por fome.
 
Ora bem, na medida em que os imperialistas fiquem convictos de que o bloqueio vai fracassar, de que a Revolução vai resistir; na medida em que a corrida armamentista do imperialismo se desenvolve, na medida em que a situação do imperialismo é mais desesperada, voltam a aumentar os perigos de agressão directa do imperialismo ianque contra Cuba.
 
 
Nós não devemos baixar a guarda, nós não devemos descuidar a nossa defesa.  Antes, pelo contrário, temos que fortalecer, temos que fortalecer as nossas defesas, os nossos elementos de combate e de luta face ao imperialismo.
 
Já o nosso país não corre nenhum risco de invasão mercenária; isto é , já os mercenários deixaram de constituir um perigo porque com o armamento que possuímos agora, as forças de combate que temos agora, quaisquer invasão mercenária será esmagada (APLAUSOS).
 
Os imperialistas ianques estão muito longe de ter aceite a nossa Revolução, os imperialistas ianques continuam a planejar agressões contra a nossa pátria. Portanto, o único perigo que tem a nossa pátria é o perigo da invasão directa das forças armadas ianques.  E face a esse perigo temos que estar preparados, face a esse perigo temos que organizar as nossas defesas, face a esse perigo temos que tomar as medidas necessárias.  Os imperialistas estão a armar-se até os dentes (PASSA UM AVIÃO E A MULTIDÃO FAZ EXCLAMAÇÕES). Prestem atenção companheiros, deixem o avião que não é o único que temos (APLAUSOS E PALAVRAS DE ORDEM REVOLUCIONÁRIAS) Temos esse avião e etc., etc., etc.! (PALMAS).
Ou seja que devemos estar cientes, não podemos descansar à sombra dos louros, não podemos baixar a guarda, compreender que os imperialistas... (PASSA UM OUTRO AVIÃO).  Mais outro? (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: Venceremos, Venceremos!).  Isso não é nada, companheiros isso aí é apenas o começo.
 
Ora bem, eu dizia que não devemos esquecer os perigos que ainda temos que enfrentar, nem ficar assustados por esses perigos (EXCLAMAÇÕES DE: Não!”) Portanto, qual o perigo que depara à nossa Revolução? Uma invasão directa. Temos que estar preparados contra essa invasão, temos que organizar as nossas defesas necessárias para fazer face a uma invasão directa dos imperialistas.
 
Quando a nossa Revolução possa dizer que está em condições de rejeitar um ataque directo, terá desaparecido o último perigo que ameace a Revolução. E, portanto, a Revolução tem que tomar medidas que garantam a efectividade da luta e da resposta para qualquer ataque directo dos imperialistas ianques.  Porque Kennedy tem na cabeça atacar o nosso país (EXCLAMAÇÕES).  O senhor Kennedy, o Governo dos EUA, negou-se terminantemente a dar nenhum tipo de segurança aos seus planos com respeito ao nosso país.  Em momento nenhum deram-nos a certeza de que não farão nenhuma agressão contra o nosso país.
 
Vocês próprios viram como na base ianque, base que tem pela força.  Porque eles apoderaram-se dessa base quando da intervenção e contra a vontade do nosso povo, é um pedaço do nosso território que eles tem ocupado pela força (EXCLAMAÇÕES DE: “Fora!”)
 
Naturalmente que nós não vamos tirar-lhe essa base pela força. Nós não queremos fazer aquilo que eles querem que nós façamos, isso seria para eles um pretexto; mas que conste que essa base existe em contra da vontade do povo cubano e que essa base é um pedaço do nosso território, do território nacional de Cuba, que os imperialistas ianques têm em contra da nossa vontade; base que utilizaram como centro de corrupção, base que utilizaram para conspirar; base que utilizaram para dar refúgio a criminosos, para preparar os bandos contra-revolucionários; base que utilizaram para assassinar cubanos.  Um operário, foi assassinado há alguns meses, um pescador humilde também foi assassinado de maneira cruel e desumana, e agora dizem que as investigações não deram nenhum resultado.  Eles têm esse pedaço do nosso território, da nossa terra, ao qual não temos renunciado; base que não tirar pela     força, esse é um pedaço da nossa terra ao qual não vamos renunciar jamais e que não deixaremos de reclamar até ser devolvido ao nosso país; base que é uma faca cravado no coração da terra cubana (PALMAS), base de onde realizam provocações todos os dias, disparos, soldados bêbados disparam contra as nossas linhas e assim a cometer ...
 
Por aí anda um filme onde vê-se um norte-americano bêbado atirando pedras; atiram bombitas, disparam, e estão ... O quê se pode esperar dum montão de “habitantes” desses que estão nessa base, soldados mercenários que estão nessa base, bêbados empedernidos uma boa parte deles, a não ser as provocações que cometem contra os nossos soldados e contra o nosso território?
 
Mas perante essas provocações os nossos soldados têm a ordem de não disparar, ordem de suportar firmemente, e efectivamente demonstram uma superioridade, uma moral e uma disciplina superiores às dos soldados do imperialismo, porque estão aí esses rapazes sérios, firmes, disciplinados, e não aceitam nenhuma provocação (PALMAS).
 
Porém nós sabemos que os imperialistas, nós sabemos que o Governo dos Estados Unidos, nós sabemos que eles não renunciaram a seus planos de agressão contra o nosso país e que, na medida em que aumenta a corrida armamentista do imperialismo, na medida em que a sua situação é cada vez mais desesperada, na medida em que fracassa a sua Aliança para o Progresso... Porque vocês se lembrarão daqueles governantes que terminaram as relações connosco.  Lembram a Frondizi? Já foi expulso pelos próprios militares, induzidos pelas missões militares do pentágono.  Lembram-se daquele senhor Prado? Já foi expulso também pelos militares.  Aqueles governos sem decoro e sem vergonha, aqueles criados fiéis do imperialismo, foram expulsos do poder através de golpes de Estado que representam um espírito mais reacionário ainda.
Mas tudo isso está a ir contra as esperanças que o imperialismo colocou na sua comédia de Aliança para o Progresso. Na medida em que fracassa a sua Aliança para o Progresso, na medida em que o imperialismo recebe golpes de toda parte, os perigos de uma agressão contra o nosso país aumentam.
 
Quando eles fiquem certos de que o bloqueio tem fracassado; quando eles vejam que as medidas que o Governo Revolucionário está a tomar para aumentar a produção, sobretudo no sector da agricultura, dêem seus primeiros frutos, os perigos de ataque armado do imperialismo aumentarão sobre o nosso país.
 
E é por isso que temos que estar alertas.  Não devemos descuidar-nos. Devemos estar cientes desse perigo. Não esqueçamos o que aconteceu em Girón, na véspera de Girón, eles negavam seus planos, tentavam apanhar-nos por supressa, e nós advertimos o perigo e não conseguiram apanhar-nos por surpresa, e estávamos preparados e os derrotamos.
 
Devemos estar cientes de que, na medida em que o imperialismo veja que todos os seus esforços contra a Revolução fracassam, que todos os seus planos fracassam, que os seus bandos mercenários são aniquilados, que os sabotadores são destruídos, que os contra-revolucionários são esmagados, o perigo de uma agressão aumenta. Porém mais uma vez, mais uma vez enganaram-se, porque mais uma vez os cubanos estaremos alertas, mais uma vez tomaremos as medidas necessárias, mais uma vez fortaleceremos as nossas defesas militares, no intuito de estar em condições de rejeitar qualquer ataque imperialista. E quando estivermos em condições de poder dizer que um ataque imperialista contra as nossas defesas seria um fracasso total, então terá desaparecido para o nosso país o risco maior.
 
Naturalmente que o nosso país corre os riscos que atravessa hoje toda a humanidade progressista.  Qualquer guerra que os imperialistas desencadeiem contra as nações progressistas também seria contra nós.Qualquer guerra que os imperialistas desencadeiem, qualquer guerra mundial, seria também contra nós.  Porque acontece que o mundo dos povos é muito largo; a força dos povos, dos diferentes povos, aproxima-se cada vez mais e mais.  Os povos aproximam-se, o inimigo é comum.  A humanidade progressista, a humanidade que luta pelo socialismo e pela independência nacional e pela paz, tem inimigos comuns aos imperialistas ianques.  Os imperialistas ianques ameaçam a humanidade.
A União Soviética teve que preparar-se (PALMAS); A União Soviética teve que dedicar enormes recursos a preparar a sua defesa face o perigo de ataque imperialista, face ao perigo de que o neo-fascismo, revivido através do imperialismo, repita a triste façanha fascismo alemão. A União Soviética e todo o campo socialista estão obrigados a realizar enormes esforços e recursos face o perigo de ata que imperialista. Os países socialistas querem a paz; o socialismo luta pela paz; o socialismo precisa de paz.
 
Pelo contrario, o imperialismo promove guerras exterminadoras.  Os monopólios imperialistas precisam da guerra para fazer negócios, para obter lucros; os monopólios da guerra precisam do perigo de guerra e constituem uma ameaça para a humanidade.
 
Qualquer perigo para a humanidade progressista, também é um perigo para nós; qualquer guerra contra o campo socialista também seria uma guerra contra nós.  E por isso temos que estar preparados.  Não apenas porque sabemos que o imperialismo nos ameaça; não apenas porque o senhor Kennedy, que é um senhor teimoso, tem na sua mente a ideia de atacar o nosso país –e nós sabemos disso --, mas sim porque o mundo vive sob o risco da agressão da guerra dos imperialistas, e nós sabemos que qualquer guerra que desencadeiem os imperialistas contra a humanidade progressista, será também contra nós.
 
Porém nós temos que fazer face corajosa e resolutamente às realidades, fazer face corajosa e resolutamente ao perigo.  Nós não queremos agressão, nós não queremos guerra; nós queremos a paz, nós queremos a amizade com todos os povos (PALMAS).
 
Essa é a nossa política exterior; mas não temos a culpa da necessidade que nos impõem, dos perigos com que nos ameaçam os imperialistas, e por isso, temos que saber olhar de frente a esses perigos.  E nosso povo deve estar preparado para qualquer eventualidade, para qualquer ataque, de forma tal que possamos dizer: Esta ilha não! Esta ilha não poderá ser tomada jamais pelos imperialistas ianques! (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: Fidel, Jruschov!”)
 
Para o nosso povo, para o nosso povo não há nada difícil, para o nosso povo não há nada impossível.  O nosso povo foi o último a libertar-se da colónia espanhola, mas tem sido o primeiro a libertar-se do imperialismo ianque.  O nosso povo hoje vai a vanguarda da América Latina (PALMAS). Somos o primeiro país socialista da América Latina, somos o primeiro país a libertar-nos do imperialismo ianque.
 
E essa honra histórica, e o que isso representa para a nossa pátria, exige riscos; e se exige riscos correremos os riscos que forem necessários.  Exige perigo; correremos os perigos que forem necessários (PALMAS). Exige sacrifícios, suportaremos os sacrifícios que forem precisos.
 
Nós sabemos que o povo é forte, que o povo trabalhador e camponês é forte, fracas são as parasitas, fracos são os burgueses que tentam contagiar-nos a sua fraqueza. E nós devemos dizer: se vocês não são capazes de contagiar-se com o valor do nosso povo proletário, com o nosso espírito proletário, com a nossa dignidade proletária, não venham infectar o proletariado, não venham infectar os trabalhadores com a sua cobardia, com a sua pobreza de espírito, com a sua miséria moral (PALMAS).
 
O povo é forte.  O povo que é livre, o trabalhador e o camponês que conseguiram conquistar a sua liberdade, podem dizer como diz aquela poesia:
Se morirmos, o quê é a vida?
 
por perdida já a demos
quando o jugo do escravo
com coragem nos tiramos! (PALMAS).
 
Isto é, nosso povo está forjado e se forja cada dia mais.  É um povo firme, é um povo disciplinado, é um povo corajoso.
Os imperialistas, com o nosso povo, depararam com uma grande barreira na América Latina (PALMAS). Desprezavam-nos, e resulta que éramos muito superiores àquilo que eles achavam.
 
E, naturalmente, apenas um grande povo, apenas um povo ciente, apenas um povo corajoso pode ir para a frente, pode escrever a página da história que o nosso povo está a escrever neste momento.  A essa página não vamos renunciar!   Essa página continuaremos a escrevê-la!  Os cubanos continuaremos a escrever esta página! (PALMAS).
 
Os cubanos não daremos um passo para atrás (EXCLAMAÇÕES DE: Nunca!”) Os cubanos poderemos seguir orgulhosos de sermos cubanos.
 
Porém cubanos não podem ser chamados todos os que nasceram nesta terra.  Quem nasceu por acidente, e à nascença encontrou muitos privilégios e achou que era senhor natural e por cima dos seus compatriotas; quem nesta altura coloca-se contra a sua pátria; quem nesta altura coloca-se contra a bandeira gloriosa que tem visto derramar o sangue de gerações de cubanos, por servir os interesses estrangeiros, por servir interesses dos inimigos da pátria, esse não é cubano, esse viverá eternamente a vergonha de ter deixado de ser cubano!  Esses são traidores! Esses que na luta entre a pátria e o inimigo colocam-se ao lado do inimigo, esses não são cubanos! Esses não são admirados por ninguém no mundo!
 
O cubano que é admirado no mundo não é aquele que fugiu para Miami; é este cubano, este trabalhador, este camponês, que seja lá onde for que chega é olhado com respeito, é olhado com simpatia, é olhado com admiração.Porque os povos do mundo ficam admirados em pensar como o nosso povo tem podido entravar esta luta.  E nós podemos dizer-lhes a todos os povos do mundo, de América e do mundo, através dos seus representantes que se encontram aqui, dessas delegações que nos visitam: Confiem em Cuba! Cuba manter-se-á firme, Cuba manter-se-á vitoriosa!  (APLAUSOS E PALAVRAS DE ORDEM DE: Venceremos!” e Cuba sim, ianques não!”) Cuba não será esmagada, Cuba não será vencida!
 
Nós temos essa certeza e nós temos essa fé, porque no nosso povo existe grande e infinita fé.  E essa fé é a que nos levou à vitória.  Essa fé foi a que nos acompanhou desde os primeiros momentos da luta, a que nos acompanhou aquele dia e nos acompanhou sempre; hoje ainda com maior razão.
 
Anteriormente éramos apenas uns poucos.  Aquela tarde, depois do ataque, só ficamos um grupo de homens espalhados; e hoje, há nove anos, somos centenas de milhar de cubanos reunidos aqui, a defender a mesma bandeira, a defender a mesma causa, levantando as mesmas armas (PALMAS).
 
Crescemos, somos centenas de milhares, somos milhões.  E não somos apenas os cubanos; somos os latino-americanos (PALMAS). E não somos apenas os latino-americanos; somos parte da humanidade progressista, somos socialistas, somos marxista-leninistas! (APLAUSOS E PALAVRAS DE ORDEM DE:     Fidel, Jruschov estamos com os dois! E Fidel, seguro aos ianques dá-lhes duro!”)
 
Somos marxista-leninistas, e o marxismo-leninismo é a doutrina que guia a um bilhão de seres humanos, um bilhão de operários e de camponeses como vocês (PALMAS).
 
É por isso que um operário grita aqui: Viva a unidade operário-camponesa!”(PALMAS). Viva o internacionalismo proletário! (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: Viva!”) Viva a Revolução dos operários e dos camponeses!” (EXCLAMAÇÕES DE: Viva!”) E a força dos camponeses e dos trabalhadores do poderoso movimento proletário de todo o mundo, é parte da nossa força, e é a força com a que nosso povo pode contar! (APLAUSOS)
 
Por isso hoje mais do que nunca temos fé na vitória.  Pobres dos covardes se não nasceram com coragem suficiente para viver num país como este e ser membros de um povo como este, num momento como este! (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: Que vão embora!”) Pobres daqueles que não tenham nervos porque nós sentimo-nos orgulhosos de ter nascido nesta altura, orgulhosos de pertencer a um povo como este (APLAUSOS) de fazer uma Revolução como esta (PALMAS) e de viver numa hora da humanidade como esta!
 
Porque estamos a viver numa altura cheia de riscos, é verdade, porque toda a humanidade progressista sofre riscos de agressão imperialista; mas vivemos também no momento mais luminosos da humanidade, o momento onde os homens humildes dos povos tem atingido o lugar mais alto em toda a história da humanidade, o momento que verá desaparecer os impérios do privilégio e da exploração, o momento do mundo em que o império burguês afunda. Estamos a viver esta altura gloriosa: O momento dos proletários, o momento dos camponeses, o momento dos explorados, o momento da liberdade, o momento da justiça, o momento da criação! (PALMAS).
 
E esta Revolução pertence a este momento; este povo pertence a este momento; e um acto como este apenas pode pertencer a um momento como este, a uma Revolução como esta (APLAUSOS), a uma Revolução proletária como esta (APLAUSOS), a um povo que se superou, um povo que cresceu, um povo que está cheio de prestígio, de glória e de esperança legítima, porque sabemos que é certo, sabemos que estamos a preparar o futuro, que lutamos pelo futuro, que podemos olhar com sorrisos o futuro, cheios de fé no amanhã, sem medo olhar o presente, sem medo a nada.
 
Vocês têm medo (EXCLAMAÇÕES DE:”Não!”) aqueles que vêem o futuro.  Eu pergunto a vocês; eu sei que vocês não têm medo.  Aqueles que têm medo são os que vêem no futuro a sua derrota, os que vêem no futuro o seu fim, os que vêem no futuro o fim dos seus privilégios (PALMAS). Aqueles que vêem no futuro o seu triunfo, aqueles que vêem no futuro a sua felicidade, não sentem medo ao futuro, não sentem medo do presente, não têm medo a coisa nenhuma.  E não têm medo a nada, porque o passado é a morte e o futuro é a vida (PALMAS). É por isso que estamos dispostos a dar a vida por esse futuro, e preferimos a morte física à morte moral do passado (PALMAS).
 
E quando enfrentamos todos os perigos resolutamente, esta é a nossa forma de pensar, e não pensamos na sorte de qualquer de nós, mas sim na sorte de todo o povo.  A nossa vida, a de qualquer de nós, não é a nossa vida, a nossa vida é o povo (APLAUSOS).  No povo vivemos todos! Neste povo, neste povo vivem os que morreram, vivem os que estão enterrados no cemitério de Santa Ifigenia e que tombaram a 26 de Julho! (PALMAS). Neste povo vivem todos aqueles que tombaram nas montanhas, neste povo vivem todos os heróis; neste povo vivem todos os combatentes, porque, por esta causa morreram! , com o pensamento nisto morreram! (PALMAS). E morreram satisfeitos, orgulhosos; forjaram o futuro da pátria; forjaram a grandeza e este espírito indomável do nosso povo, fizeram possível o triunfo da Revolução.
 
E essa aí é a nossa força, força moral, força da razão, força da justiça, e força de força ao serviço da razão e da justiça! (PALMAS).
Vivamos cientes esta hora, dos seus perigos, das nossas tarefas. Organizemo-nos, e por cima de tudo, organizemos a vanguarda, organizemos a vanguarda revolucionária; com os melhores, com os mais trabalhadores, com os mais sacrificados, organizemos a vanguarda do nosso povo.  Este grande povo precisa duma magnífica vanguarda, composta pelos melhores homens do povo em todos os sentidos.
 
Organizemos o Partido Unido da Revolução Socialista de Cuba (PALMAS), vanguarda dos nossos operários e dos nossos camponeses.  Tornemos mais fortes as nossas organizações de massas, os nossos sindicatos, a nossa Federação das Mulheres, a nossa União de Jovens Comunistas, os nossos Comités de Defesa da Revolução, as nossas associações estudantis, as nossas organizações camponesas, as nossas organizações culturais e desportivas. (APLAUSOS PROLONGADOS) Elevemos a capacidade de combate, a técnica e a disciplina das nossas gloriosas Forças Armadas Revolucionárias (PALMAS). Lutemos contra os nossos defeitos, contra os nossos erros, contra as nossas fraquezas nas fileiras da Revolução.  Lutemos contra o espírito burguês, contra a covardia burguesa! (PALMAS). Tornemos mais forte o nosso espírito revolucionário, cumpramos o nosso dever no serviço! Vamos reagir mais do que falar, trabalhar mais e não perder o tempo em queixas!, porque trabalhando e produzindo muito tem que desaparecer as principais causas das nossas queixas.
 
E face à escassez: trabalho, produtividade.  Face à escassez: mais produção na agricultura, mais produção na indústria (PALMAS).
 
Lutemos por erradicar as nossas deficiências na produção! Tiremos da nossa rica terra todos os produtos que nos pode oferecer para satisfazer as nossas necessidades! Estudemos, capacitemo-nos todos! Levantem-se os jovens!Levantem-se os estudantes (PALMAS) e estudem , façam o máximo esforço que a pátria precisa, que a pátria precisa de centenas de milhar de engenheiros, de médicos, de professores!  (PALMAS).Todos façam o máximo esforço: jovens, velhos, homens e mulheres! Povo em geral: Quando um povo é dono do seu destino, acontece isso, quando um povo adquire consciência da sua história, para acontece isso: Vira apenas numa força, vira apenas num braço, um único abraço, um único pensamento! (PALMAS).
Atrás, atrás o espírito egoísta, atrás o individualismo!  O homem sozinho não tem força; tem estar unido em sociedade para ter força; apenas o povo unido tem força.
 
E o camponês sabe disso. Quanto tem que carregar uma viga grande, e sozinho não pode, então tem que chamar a alguns companheiros para carregá-la.  E assim mesmo é a Revolução, assim também será o futuro. Ninguém sozinho pode, juntos podemos.  Todos juntos poderemos atingir aquilo que queiramos (PALMAS). Todos juntos carregaremos a grande viga da revolução! Todos juntos construiremos o futuro, porque a força de todos é a força de cada um de nós todos multiplicada! E com a força das massas, com a força do povo, achando-nos irmãos, brancos e pretos, jovens e velhos, homens e mulheres, da cidade e do campo, seguiremos para a frente (PALMAS).
 
Juntos levaremos esta causa até ao fim, e por trás nosso, os jovens; e por trás deles, as gerações vindouras! (PALMAS). Com a fé no povo, com a fé no futuro, com a fé que herdamos do 26 de Julho, com a fé que herdamos do Granma, com a fé que herdamos da Sierra Maestra, com essa fé no povo, que nunca falhou, que nunca falhará!
 
Para os nossos companheiros que participaram no Assalto ao Quartel Moncada, no Granma, na Sierra Maestra, para os nossos companheiros na grande luta antiimperialista, para os nosso companheiros de Girón, para os nossos camaradas da grande batalha pelo socialismo, é um motivo de alento, de estímulo, de satisfação, este espírito oriental, este entusiasmo oriental (PALMAS). Dizem que a Revolução teve aqui seu berço e tem aqui o seu principal bastião.
 
Esta fé, este espírito, este entusiasmo oriental, é verdadeiramente contagioso; é preciso mantê-lo bem em alto. Saibam que os burgueses e os pequenos burgueses, sempre vão tentar diminuir o efeito desta jornada de entusiasmo e fervor revolucionário.
 
Já sei o que vão começar a comentar.  Começaram a salientar as dificuldades; dirão que nestes dias houve muita atenção e que depois não haverá.  É por isso que quero explicar que a Junta de Fornecimento tomou a medida de dobrar durante cinco dias os fornecimentos correspondentes a Santiago de Cuba, tendo em conta a presença de centenas de milhares de pessoas nesta província.  Fez-se um extraordinário esforço PARA QUE AS FAMÍLIAS DE Santiago possam alojar e alimentar às pessoas que viessem participar neste acto.  Os provimentos continuarão a melhorar-se. Está-se a fazer um grande esforço.  Esse é o argumento que utilizam os burgueses, porque, naturalmente, eles não concordam com uma distribuição equitativa dos bens e dos alimentos.
 
Fortes e firmes face aos desmoralizadores, face aos traidores querem destruir o moral de combate do povo, face aos covardes que querem levantar a bandeira branca face os imperialistas!  Firmes e fortes face aos inimigos de classes! (PALMAS).
E que grande satisfação, que emoção, hoje 26 de Julho, pensar que de forma tão digna o nosso povo rende tributo aos heróis da Revolução, aos homens que morreram por ela! (APLAUSOS).  Porque, não existe um melhor prémio, uma melhor resposta, um melhor fruto a não ser este povo!
 
E este povo de hoje forjou-se como o fez: com sacrifício, com dor, com sangue! Porém se forjou, e está aqui presente, imbatível, invencível! (PALMAS).
 
Trabalhadores, camponeses, estudantes: perante a recordação dos nossos mortos, Juremos ser fiéis à pátria! Juremos ser fiéis à Revolução! Juremos ser revolucionários firmes! Juremos fortalecer o nosso espírito proletário! Juremos fortalecer a nossa alma para os momentos difíceis! Juremos defender a pátria! Juremos, como Maceo, e digamos: quem tencione apropriar-se de Cuba, apenas poderá colher o sangue do seu povo! (PALMAS).
 
Trabalhadores, camponeses, estudantes, homens e mulheres da pátria, firmes vão para a frente!  Aos nossos mortos, digamos hoje: “Heróis da pátria, Pátria ou Morte! Venceremos!
 
(OVAÇÃO)

VERSÕES TAQUIGRÁFICAS