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Missão médica cubana no Qatar: Questão de coração

Sempre é um prazer conversar com esse tipo de pessoa que, apesar de ter muito do que se enaltecer, prefere vestir de modéstia seus avanços.
 
Tal é o caso do doutor Guillermo Alberto Pérez Fernández, que ao dialogar a respeito de seu trabalho e projetos no Qatar, como parte da missão médica cubana neste país, se detém a cada instante preocupado de estar falando demasiado de si mesmo.
 
O especialista em segundo grau em Cardiologia, doutor em Ciências Médicas e professor titular, leva a cabo na atualidade a primeira pesquisa nacional liderada por um cubano, encaminhada à análise dos fatores de risco de doenças cardíacas nos adolescentes, a fim de evitar problemas de hipertensão no futuro.
 
Enquadrada nas idades dentre 11 e 16 anos, a iniciativa tem como principal objetivo inculcar bons estilos de vida desde idades iniciais como método profilático.
 
'Sempre digo que o momento é na adolescência, quando o terreno é fértil para atuar, pois já nos adultos é difícil modificar estilos de vida e pensamentos', explica Pérez Fernández, e assegura que, ainda que demanda tempo, esforço e ferramentas, constitui uma meta factível.
 
A partir da maior das Antilhas o especialista tinha trabalhado o tema, sobretudo em sua província, Villa Clara; dedicação que foi avaliada com o prêmio anual de saúde em 2013. Também publicou na Amazon seu primeiro livro a respeito de hipertensão na adolescência e ferramentas de prevenção.
 
'Creio muito na previsão inteligente com vistas à vida adulta. Parece fácil, mas foi muito tempo dedicado a isso', comenta o doutor, a quem lhe enche de orgulho o poder levar essa experiência a um cenário tão longínquo e diferente, caracterizado por um significativo avanço tecnológico na esfera sanitária.
 
Combinar sua agenda trabalhista no hospital cubano de Dukhan e as visitas às escolas representa um verdadeiro desafio.
 
A respeito de sua experiência com os adolescentes cataris expõe: 'Tudo é em inglês, e quando não entendem os professores traduzem ao árabe. Apesar das diferenças culturais, a acolhida das conferências tem sido boa. Os estudantes participam e conto também com o apoio dos diretores.
 
Isto o faço nas escolas para homens, na das mulheres três enfermeiras me estão ajudando.
 
'Muito satisfeito, leva dedicação mas vejo-lhe perspectiva apesar de que só está começando. Nunca tinha sido feito algo assim no Qatar em grande escala'.
 
Como extensão do projeto, Pérez Fernández soma a suas habilidades profissionais dote de desenhador e conhecimentos nas novas tecnologias da informação e a comunicação para jogar a andar um aplicativo móvel dedicada ao setor etário que estuda.
 
'Aí têm teoria, gravações em inglês e árabe, um chat interno e um fórum para que possam ser comunicado'. Em conclusões, toda a informação necessária em torno da hipertensão.
 
'É uma primeira tentativa. Já o aplicativo está no Google Play e pode ser descarregado', anuncia, simultaneamente que demonstra seu interesse em poder difundir a inovadora ferramenta, a modo de apoiar seu trabalho. Sem dúvidas, um desempenho fiel ao princípio de não esperar o aparecimento dos problemas para atuar.
 
'Acho que a medicina do futuro não vai estar encaminhada a procurar o último marcapassos, mas a não chegar a isso, e é até financeiramente melhor', confirma.
 
SEM PERDER O ENFOQUE
 
Os dois últimos anos têm trazido para Guillermo Alberto Pérez Fernández uma valiosa colheita, não só pela aprovação e posta em marcha de sua iniciativa com adolescentes cataris, senão também por reconhecimentos no plano internacional.
 
Foi eleito em princípios de 2018 membro da Sociedade Americana de Cardiologia, 'que é como o top da cardiologia mundial', opina. Então, recorda, devia ir a Orlando, Estados Unidos; no entanto, foi-lhe negado visto na embaixada desse país.
 
Uma vez mais apresentou, em data recente, sua intenção de viajar à nação do norte para participar, em março passado, no Congresso Americano de Cardiologia, em Nova Orleans. Foi convidado ao evento para expor; e uma vez mais a política hostil fechou-lhe as portas, atitude que resulta difícil de compreender para o doutor apesar de conhecer as razões que subjazem na negativa.
 
'Mas seguido adiante, fazendo coisas, focado em minha investigação. Contente porque sou membro da sociedade, o que é uma honra e dá você o benefício do reconhecimento na comunidade de cardiólogos', destaca.
 
Assim, aponta que o processo para aceder a este ingresso é rigoroso, não obstante, mais de 15 cubanos estão inscritos.
 
'Em Cuba a cardiologia é forte e merece-se que tenha mais, mas por aí começamos', afirma.
 
Também em 2018 se uniu à Sociedade Europeia de Hipertensão, razão pela qual viajou a Barcelona, Espanha, em julho. Mais tarde, em dezembro, teve a oportunidade de dar uma conferência no congresso de cardiologia em Roma, Itália.
 
Conquanto tais conjunturas contribuem a seu crescimento profissional, o maior deleite e desafio está no trabalho do dia a dia, no hospital, onde igualmente tem ganhado respeito e reconhecimento.
 
Durante ao redor de quatro anos de exercício aqui, este modesto doutor que enfatiza ao final 'pôr as coisas normal', sem ânimo de grandeza, demonstra que não há melhor maneira de tratar os padecimentos do coração que lhe pondo coração e empenho à tarefa que se realiza.

Fonte: 

Prensa Latina

Data: 

10/04/2019