Ebo rende tributo a Díaz Argüelles a 40 anos de sua morte em combate
Com a presença pela primeira vez de uma de suas três filhas, os habitantes desta comuna angolana renderam tributo ao comandante cubano Raúl Díaz Argüelles no mesmo lugar de sua morte, no dia 11 de dezembro de 1975.
Há 40 anos sucedeu um fatídico acidente que lhe destroçou as pernas a meu pai, cortou seu femoral e faleceu nesta terra africana, disse Natasha Díaz Arguelles, descendente do combatente internacionalista durante a homenagem
Aos 39 anos de idade morreu Domingos da Silva, pseudônimo de Argüelles durante sua missão em Angola, como resultado das feridas provocadas pela explosão de uma mina antitanque que destruiu seu blindado nesta zona, a 400 quilômetros ao Sul de Luanda. Depois de colocar uma oferenda floral no modesto obelisco que se levanta aqui em memória do chefe cubano, Natasha afirmou que "não tenho esquecido nunca aquela noite (12 de dezembro de 1975) em que nos deram a notícia de seu falecimento. Tinha então 16 anos".
Ante povoadores, autoridades políticas, colaboradores cubanos, representantes do corpo diplomático e colegas de armas de seu pai, reconheceu que tem sido duro para ela seguir vivendo sem sua presença, conselhos, mimos, sorriso e orientações.
Desejou em ocasiões poder estar ao lado de seu papai "porque com ele me sentiria a salvo de tudo".
Quanto tivesse desejado que estivesse comigo quando concluí meus estudos pré-universitários, me graduei de licenciada em Relações Internacionais, me casei, quando tive meus dois filhos, disse entre soluços Natasha.
Manifestou que guarda com muito carinho todas as cartas que me escrevesse "quando estava ausente, as leio e releio uma e outra vez, e as lágrimas brotam de meus olhos como caudalosos rios".
Raúl Díaz Argüelles García, sublinhou a filha do Herói da República de Cuba, foi um desses jovens que no fogo da luta evoluiu e amadureceu sem perder suas raízes de verdadeira entranha popular, sua jovialidade e perseverança.
Minutos antes da intervenção de Natasha, o governador da província Cuanza Sul, general Eusebio de Brito Texeira, recordou que em 11 de novembro Angola cumpriu também 40 anos de proclamação de sua independência e o 10 de dezembro de 1956 nasceu o Movimento Popular da Libertação de Angola (MPLA).
"A população de Hengue (comarca pertencente a Ebo) chora pela morte do Comandante Argüelles. Nunca podemos o esquecer", indicou com voz entrecortada De Brito sob gotas de chuva frequentes na zona.
Assinalou que neste dia é importante na história de duas heroicos povos para render uma profunda homenagem e honrar ao heroico filho de Cuba e Angola: o Comandante Raúl Díaz Argüelles.
De fato, agregou, "Cuba é uma heroica nação com recursos limitados e vítima de um dos bloqueios sem precedente por parte dos Estados Unidos. E ao clamor do MPLA, enviou desinteressadamente a seus melhores filhos para a conquista da liberdade e independência de Angola".
Graças ao apoio internacionalista de Cuba foi possível que o povo angolano detivesse às ofensivas militares invasoras de Norte a Sul do país que pretendiam impedir a proclamação da emancipação.
O general angolano citou palavras do presidente Agostinho Neto emitidas em um relatório ao primeiro congresso ordinário do MPLA: "Cuba enviou homens e mulheres, alguns dos quais altamente qualificados em técnicas de luta e o exercício da solidariedade internacionalista".
Alguns deles perderam a vida pela causa da revolução, pela causa de Angola, pela defesa de um povo que suportou séculos de escravidão. Famílias cubanas ficaram sem seus filhos, esposos, irmãos e pais, apontou o governador.
Referiu que as bandeiras de Angola e Cuba são de combate e pediu render ademais homenagem a todos os que estiveram na frente de Cuanza Sul, de Ebo, no da resistência contra as forças invasoras.
Sublinhou que o Comandante Argüelles ocupa um lugar especial "em nossos corações... nos de todos os angolanos que lutaram pela paz e a independência".
Durante a cerimônia atuaram dois artistas de música tradicional, a administração da comuna titulou a Natasha de embaixadora de Ebo para o mundo e De Brito outorgou diplomas de Menção Honrosa a participantes na luta pela libertação nacional, em especial na Batalha de Ebo, e pós mortem a Argüelles, que recebeu sua filha.
Por sua vez, em representação de seu povo e em ocasião do aniversário 40 da morte do exemplo de internacionalismo, a embaixadora cubana Gisela García entregou reconhecimentos a lutadores angolanos pela histórica irmandade combativa, entre eles a De Brito e aos generais Beto Traca e Luis Faceira, presentes no ato.