Entrevista oferecida por Fidel à imprensa cubana após exercer seu direito ao voto
Autor:
(O Comandante Fidel Castro Ruz cumprimenta os presentes, dialoga com alguns eleitores e com os membros da mesa eleitoral e depois procede a exercer seu direito ao voto.)
Jornalista Ana T. Badia.- Como fico contente ao vê-lo, Comandante! De verdade, dizemo-lo de coração.
Cmdte.- E estou emocionado e muito contente de conversar.
Jornalista Ana T. Badia.- Cá estamos como sempre, Comandante. Muita saúde.
Cmdte.- Vocês são os jornalistas?
Companheira Ivia Pérez Reyes.- Sim, jornalistas todos, de Granma, de Trabalhadores…
Cmdte.- De Cuba?
Ivia Pérez Reyes.- Todos cubanos.
Jornalista Fabiola López.- E de Telesul.
Ivia Pérez Reyes.- Ah, Fabiola, que está aqui.
Cmdte.- Quem está disparando?
Pioneiro.- As câmaras.
Cmdte.- Sim, eu sei, mas pareciam metralhadoras.
Jornalista Ana T. Badia.- Não lhe perguntamos por quem votou porque é secreto.
Cmdte.- Estou muito satisfeito pelo rol de candidatos.
Jornalista Ana T. Badia.- Comandante, tem acompanhado o processo durante toda a jornada, em todo o país? O quê lhe pareceu?
Cmdte.- Sim, estou acompanhando as notícias.
Disseram-me que tinham feito outra entrada. Acho que aqui tinha uma escada.
Jornalista Ana T. Badia.- Mudaram a entrada, agora a colocaram por aqui.
Cmdte.- Foi uma boa ideia.
Jornalista Gladys Rubio.- Claro, porque resulta mais cômodo, já não tem escadas.
Soube alguma coisa de Chávez?
Cmdte.- De Chávez? Sim, todos os dias. Está se recuperando, segundo o último relatório médico que recebi hoje domingo 3 de fevereiro ao meio-dia.
Jornalista Gladys Rubio.- Melhorando.
Cmdte.- Sim, embora fossem dias difíceis e duros. Nossos médicos se consagram a essa tarefa, é o que posso dizer-lhes, visto que a informação é um direito que corresponde ao Governo Bolivariano e a seus familiares.
Jornalista Ana T. Badia.- E a votação esteve um pouquinho…, porque choveu; mas depois parece que as pessoas têm saído e tem bastante…, está muito avançada a votação, hoje.
Cmdte.- Ah, disse-me um médico que ele tinha estado em seu colégio há um bocado e faltavam apenas quatro por votar. Aqui, quantos têm votado?
Jornalista Ana T. Badia.- Trezentos e tantos. Já tem por volta de 90% que votou aqui.
Cmdte.- E os outros não têm votado?
Jornalista Ana T. Badia.- Não, porque tem muitas pessoas trabalhando, explicou-me a Presidenta da Mesa que estão trabalhando, ou estão no exterior.
Cmdte.- Ah, bom, no exterior, mas não podem votar.
Jornalista Ana T. Badia.- Sim, podem votar.
Cmdte.- Ah, no exterior?
Jornalista Ana T. Badia.- Não, não sei se no exterior poderão votar, mas os que estão trabalhando em Cuba podem votar noutro colégio.
Cmdte.- Não, não, eu acho que uma pessoa pode votar noutro colégio se pede licença.
Jornalista Ana T. Badia.- Ah! Mas nós votamos aqui.
Cmdte.- Mesmo aqui?
Jornalista Gladys Rubio.- Sim.
Cmdte.- E eu por um triz não as vejo (Risos).
Jornalista Gladys Rubio.- Ah, já vê!
Cmdte.- Estamos tão organizados que o não sabia.
Jornalista Gladys Rubio.- Sim. Desde bem cedo.
Sim, porque como os deputados são nacionais, pode-se votar.
Cmdte.- Não, e vocês são jornalistas.
Jornalista Gladys Rubio.- Sim, jornalista puro.
Cmdte.- Têm direito a votar onde estiverem.
Jornalista Gladys Rubio.- Pois, onde estiverem.
Cmdte.- E quais reportagens têm agora?
Jornalista Gladys Rubio.- Bom, estávamos a vossa espera o dia todo, porque queríamos ver se vinha, se enviava a chapa eleitoral; mas temos entrevistado muitas pessoas aqui, entre elas jovens e crianças.
Cmdte.- Tinham construído um pequeno corredor para as eleições de outubro, mas a mim não me disseram uma palavra.
Jornalista Gladys Rubio.- E então, como se decidiu a vir?
Cmdte.- Porque o Vocal do colégio me convenceu.
Tinha perguntado a vários companheiros que trabalham comigo sobre o número de degraus e a altura da escada da entrada. Afirmaram-me que eram oito degraus altos, o qual era verdade. Meu joelho fragmentado pela queda em Santa Clara no mês de outubro do ano 2004, a quase dois anos de adoecer em julho de 2006, cobrava-me também seu preço.
Jornalista Ana T. Badia.- Tem muitas mulheres, Comandante, no Parlamento, o quê acha disso?
Cmdte.- Bom, me parece muito bom, e me deram a oportunidade de…, bom, não posso dizer, porque é segredo (Risos), tinha três mulheres entre os candidatos.
Jornalista Ana T. Badia.- Com certeza você votou pelas mulheres.
Cmdte.- Será, O quê você acha?
Jornalista Ana T. Badia.- Acho que sim (Risos). Quase 50% do Parlamento são mulheres.
Cmdte.- E não violo nenhuma lei?
Jornalista Ana T. Badia.- Não, se o dizer não viola nada.
Cmdte.- Pois sim.
Jornalista Ana T. Badia.- Tá vendo!, Você votou pelas mulheres.
Cmdte.- Sim, e para que não se sentissem discriminados, votei também por um homem que ia de candidato… (Risos).
Jornalista Ana T. Badia.- Muito obrigada.
Cmdte.- Se eu for julgado por isto, vou chamá-las (Risos).
Jornalista Ana T. Badia.- Sim, sim.
Cmdte.- Fico contente, aqui também as mulheres jornalistas são maioria.
Jornalista Ana T. Badia.- Sim, somos maioria.
Cmdte.- Deixe ver. Ah, e esse aparelhinho?
Jornalista Ana T. Badia.- É um gravador, Comandante.
Cmdte.- Um gravador.
E agora são baratíssimas ou são muito caras? E as pilhas, quanto…?
Jornalista Ana T. Badia.- As pilhas são um poucochinho mais caras, as pilhas um pouquinho mais caras, também são recarregáveis, agora se recarrega tudo na eletricidade.
Cmdte.- Sim. E, isso o quê é, por exemplo… (Assinala).
Jornalista Amaury del Valle.- Isto é um telefone que faz a função de gravador, Comandante.
Cmdte.- Ah, é? Eu tenho que usar bastantes aparelhinhos desse tipo, mas me ajudam os companheiros.
Quem é ela? (Refere-se a uma pioneira que está junto de uma urna)
Maria Antonia Puertas.- Essa pioneira está desde as 06h00 aqui, Comandante.
Cmdte.- … Não lhe trouxeram almoço?
Maria Antonia Puertas.- Sim, ela almoçou, mas está desde bem cedo aqui.
Jornalista Gladys Rubio.- Sim, todos têm almoçado.
Cmdte.- Quantos erros se podem cometer por falta de informação!
Jornalista Gladys Rubio.- Bom, mas já sabe para a próxima vez.
Cmdte.- Quando penso…, bom, terei que agradecer a vida toda a Santiaguinho (Risos).
Jornalista Gladys Rubio.- Sim. Santiaguinho lhe avisou.
Cmdte.- Assim se chama o vocal; ele disse-me: “sim, é apenas um passinho”, eu julgava que ele estava minimizando as escadas; não sabia nada da nova entrada.
Jornalista Gladys Rubio.- Veja só! Desde outubro arrumaram tudo isto.
Cmdte.- Sim, mo disse a Presidente do Colégio quando cheguei.
Jornalista Gladys Rubio.- Bom, já sabe.
Cmdte.- O povo falava na eleição de outubro para eleger os delegados municipais: “Por que Fidel não veio votar?” Eu ignorava o que tinha sido feito, que não é a mesma coisa. Fico horrorizado ao pensar que por um triz não venho e os teria deixado a todos esperando por mim mais uma vez.
Jornalista Gladys Rubio.- Mas veio.
Cmdte.- Desfruto desafiar as escadas.
Jornalista Ana T. Badia.- Que bom, Comandante!
Mas, além disso, Comandante, aqui se junta muita história hoje.
Cmdte.- O quê mais?
Jornalista Ana T. Badia.- Não, eu disse que aqui se junta muita história, Comandante. Aqui desde que se iniciaram as eleições no país, habitualmente você tem vindo a votar. Tem, digo-lhe, muitíssima história reunida neste lugar e muito mais durante este dia.
Cmdte.- Dediquei bastante tempo à questão eleitoral; foi-se adquirindo experiência e alegra-me muito, porque apesar das tolices que afirmam alguns no mundo acho que é um processo eleitoral de verdade; são eleições em que não só são os deputados à Assembleia Nacional e os delegados às Assembleias Provinciais, mas também os candidatos a esses cargos são eleitos pelo povo sem a intervenção do Estado ou do Partido. Antes não tinha tanto tempo, agora vejo assembleias nos bairros, discute-se e o povo discute quem devem ser seus candidatos: acontece assim nos países capitalistas? Quantos votam nos Estados Unidos, esse democratíssimo país?, nem sequer 50%.
Jornalista Ana T. Badia.- Além disso, as eleições são feitas num dia hábil nos Estados Unidos.
Cmdte.- Sim, porque se for num dia hábil, não deixam votar aos trabalhadores, muitos grandes empresários fazem isso.
Jornalista Ana T. Badia.- E os deputados são profissionais, aqui não.
Cmdte.- Onde?
Jornalista Ana T. Badia.- Nos Estados Unidos e em outros países os parlamentares não trabalham, aqui têm que seguir trabalhando de professores, de médicos, de operários.
Cmdte.- Muitos deles naqueles países são expertos em subir-se os salários.
Jornalista Gladys Rubio.- E o da CELAC de Cuba foi lindo, Cuba, e 28 de janeiro, Comandante.
Cmdte.- Sim, é claro. Consegui assistir tudo pela televisão.
Jornalista Gladys Rubio.- E não está escrevendo?
Cmdte.- Vou lhe responder com prazer, mas antes me permita expor minha opinião sobre um fato que julgo de interesse. Hoje lia a informação de uma agência de notícias onde se afirma que nos Pirineus de Espanha apareceram restos do Homem de Neandertal, de há 200 000 anos, em uma caverna desse território. Também se afirma que era mais inteligente do que o Homo Sapiens. Em informações de telexes anteriores afirmaram que uma terceira espécie também fez parte do homem atual. Os cientistas discutem e discrepam sobre esses temas.
Outras informações, de consequências mais imediatas, se relacionam com a colonização dos planetas e asteroides. Uma empresa privada holandesa está planejando a colonização de Marte. Recruta jovens para treiná-los. Eles acham que seria como vir a este hemisfério desde Espanha. Contudo, os indivíduos devem viajar com o compromisso de não regressar, permanecer na colonização de Marte, que tem órbita e gravidade diferente, densidade do ar insuficiente, e, que bonito!, a empresa recruta jovens. Há os que vão tranquilamente. São notícias das que fala cada vez mais a imprensa, as quais assinalam a perspectiva incerta da aventura humana.
Tem outras notícias cada vez mais realistas derivadas de cálculos precisos e irrebatíveis. A população mundial está crescendo a um ritmo jamais imaginado, ao longo de centenas de milhares de anos. Tardou o longo período de mais de 1 500 séculos para chegar a quase 1 000 milhões de habitantes no ano 1800; um século depois, em 1900, atingiu a cifra de 1 650 milhões; 50 anos mais tarde, em 1950, a cifra se elevou para 2 518 milhões; em 1975, a 4 088 milhões; a 6 070 milhões, em 2000; e a 7 000 milhões em 2011. A população mundial cresce já mais de 100 milhões de pessoas por ano. Essa incrível cifra continuará aumentando. Existe uma grande ignorância sobre o mundo em que estamos vivendo. Um considerável número de pessoas desconhece esses temas.
Por outro lado, nunca na história humana se conseguiu evitar as guerras.
As armas se desenvolvem a ritmo acelerado. Projéteis de canhões impulsados por ondas eletromagnéticas atingem distâncias superiores a 200 quilômetros. Os países mais desenvolvidos informam sobre insuspeitos avanços da ciência e da tecnologia ao serviço da destruição e da morte.
Jornalista Ana T. Badia.- Você falava precisamente do fim da espécie humana, e tem feito alertas importantes ao mundo acerca dessa possibilidade.
Cmdte.- A última guerra mundial deu origem às bombas lançadas sobre a população civil em Hiroshima e Nagasaki, que mataram a centenas de milhares de pessoas e irradiaram um número superior.
O “inverno nuclear”, incompatível com a sobrevivência humana, seria a consequência do emprego de uma reduzida percentagem das armas nucleares acumuladas pelas potências que as possuem. Também a gente começa a pensar nesses problemas porque tem tempo. Quando está na vida quotidiana, não dispõe de tanto tempo assim.
Jornalista Ana T. Badia.- E o mundo pode evitar isso, o homem pode evitar a guerra, se quiser, Comandante.
Cmdte.- Acho que o Homo Sapiens não evoluiu o suficiente como para evitar a guerra; os instintos e os egoísmos prevalecem infelizmente em suas relações.
Jornalista Ana T. Badia.- E os aviões sem piloto.
Cmdte.- O imperialismo e seus aliados têm convertido a indústria militar no setor mais próspero e privilegiado de sua economia. Cada dia se publica alguma notícia sobre os mais incríveis engenhos para destruir e matar; são elaborados códigos para seu emprego; os direitos da pessoa, elaborados durante séculos, têm sido barridos. Matar e destruir, sem limite algum, é sua filosofia. Como é lógico, tal atitude provoca a reação dos países adversários com suficiente desenvolvimento técnico e científico para fabricar as armas capazes de contra-arrestar, e inclusive superar tais armas.
O quê vai acontecer no Japão com aquelas ilhas que arrebataram a China? O quê vão ganhar os ianques protegendo o Japão nesse tema?, porque até agora, segundo sei, esse ponto ficava fora do acordo de proteção. Agora que o governo dos Estados Unidos declara que constam, provoca-se uma grande tensão na área. Alguns jornais opinam que os chineses se estão preparando para se defender de qualquer provocação intolerável por parte de seus tradicionais adversários. Sobre esses problemas, se a gente tiver tempo, se informa e os estuda.
Alguma vez, na história, foram evitadas as guerras? E a Crise dos Mísseis?, estivemos bem perto de nos tornarmos em campo de batalha nuclear nessa altura; e depois no sul da África, quando defendíamos Angola das tropas racistas sul-africanas? Ali estavam…50 000 homens, entre soldados cubanos e angolanos. Em duas ocasiões temos estado em perigo de guerra face às armas nucleares.
Vocês me falaram da reunião do Chile.
Jornalista Ana T. Badia.- Da CELAC.
Cmdte.- A CELAC foi um avanço. Esse avanço se deve em grande parte a Venezuela, especialmente ao esforço de Chávez. Chávez é uma das pessoas que mais tem feito pela liberdade e pela união deste continente. Primeiro Bolívar. Se você analisar verá que Bolívar e Martí têm as mesmas ideias…, como o explicou Raúl, quando falou dos pronunciamentos de Martí sobre Bolívar. Existia uma irmandade tamanha.
Você tem visto as campanhas que fazem contra Chávez em Venezuela, uma coisa horrível. Sempre temos estado muito próximos dos venezuelanos e dos cubanos; a burguesia daqui foi para Miami ou para Venezuela, que era um país com mais recursos do que nós. Chávez atingiu um prestígio enorme. O povo respondeu, e não só é uma questão de palavras de ordem, porque digam: “esse transporte agora é nosso, tenho uma casa agora que nunca tive, porque tenho emprego que nunca tive, tenho escolas, tenho hospitais, tenho esperanças que nunca tive.” Fez tudo por seu povo.
Quando estava em plena batalha se esqueceu de sua saúde e se consagrou à luta. É um bom exemplo, inspirado em Bolívar e na história heroica de seu povo. Bolívar levou suas ideias de independência e seus soldados desde as fronteiras do Mar Caribe até as fronteiras com Argentina. Isso significa Ayacucho, onde foi quebrado o espinhaço do império colonial espanhol.
Mais da metade da população morreu. É o único das grandes figuras da história que ganhou sua fama libertando povos; os outros, conquistando fama e riquezas: desde Alexandro Magno até Napoleão Bonaparte.
Napoleão, de revolucionário se transformou em imperador da França. Invade Rússia. Se calhar vocês assistiram o filme “A guerra e a paz”, também assistiram “Liberação”. Essas são obras que ensinam bastante.
Mas, veja, quando são as próximas eleições? (Dizem-lhe que falta, que estas são gerais). Bom, tenho que me lembrar de vocês que estão aqui desde bem cedo, e peço-lhes desculpa por minha ignorância.
Jornalista Gladys Rubio.- Não, o povo vai ficar muito contente de vê-lo e saber que você veio aqui.
Cmdte.- E eu ignorando, porque imaginem, a gente tem coisas que fazer, não importa de quantos dias, ou meses, ou anos dispõe, não é uma coisa que me preocupe; mas, aproveitar o tempo sim me interessa e atender vocês é o melhor emprego do meu tempo. Agora me digam e perguntem o que quiserem.
Jornalista Gladys Rubio.- Bom, imagine, impactados. Para nós tem sido tremendo encontrar você hoje aqui.
Pensávamos que vinha Santiago com as papeletas.
Cmdte.- Sim, vinha…
Jornalista Gladys Rubio.- Pensávamos que vinha Santiago e quando vimos você, falamos: “Ai!”
Tem sido, além disso, uma oportunidade única.
Cmdte.- Bom, isso se chama, para mim, boa sorte. Eu sentiria uma vergonha enorme, e o pior, perderia uma possibilidade de falar livremente com vocês sobre os temas que lhes interessa.
Agora, contem-me lá, o quê sabem vocês como tem sido a coisa no resto do país?
Jornalista Ana T. Badia.- Até agora bem, mais de 77% segundo o último comunicado, que foi por volta das 16h00.
Jornalista Gladys Rubio.- No comunicado das 14h00, 77% dos eleitores já tinha votado.
Cmdte.- Ah, sim.
Jornalista Gladys Rubio.- É preciso levar em conta que choveu e tudo, mas está bem 77%.
Cmdte.- Mas não foi o furação Flora.
Jornalista Gladys Rubio.- Não, não, um chuvisco.
Cmdte.- Um pouquinho de água fria.
Jornalista Gladys Rubio.- Mas 77% é muito já, não é?, para as 14h00.
Cmdte.- Quanto foi em outros tempos? Vocês que levam as estatísticas.
Jornalista Gladys Rubio.- Para as 14h00 tem sido bastante bom, outras vezes tem sido mais de 95% mas para o final do dia, ainda não sabemos; para essa hora está bom.
Cmdte.- A gente se irá converter numa sociedade como outrora em que o povo não ia votar?
Jornalista Gladys Rubio.- Não!, tem um povo que responde muito, Comandante, que quer você, e ao Raúl.
Cmdte.- Tenho a certeza disso; tenho a certeza de que o povo é um povo de verdade revolucionário e que tem feito enormes sacrifícios, não tenho que provar isso, foi provado pela história, 50 anos de bloqueio e não têm conseguido nem conseguirão. Como disse Maceo: Quem tentar apoderar-se de Cuba recolherá a poeira de seu solo anegado em sangue; acho que mais ou menos foi o que ele disse. E é assim, vive-se melhor sendo livres, mas é preciso aprender a ser livres, e se fores revolucionário quando você pode melhorar constantemente a experiência e fazes cada vez melhor as coisas. E às vezes temos responsabilidade todos, porque partimos de uma ignorância total, que é a que existe ainda no mundo. Você não encontra uma solução, porque não é uma, são centenas, segundo a cultura, as crenças, a geografia de cada país.
Não pode prevalecer apenas o interesse, o egoísmo; os instintos; a natureza nos dá instintos e a capacidade de razoar nos deve dar uma ética.
Fabiola López.- O quê acha, Comandante, das mudanças que estão acontecendo agora em Cuba?
Cmdte.- Você fala as mudanças, mas a grande mudança foi a Revolução. A quê mudanças te referes?
Fabiola López.- Não, falo das mudanças que estão acontecendo agora com os Lineamentos e tudo o que está ocorrendo para atualizar o socialismo.
Cmdte.- Bom, em geral acho que é um dever atualizá-lo e superá-lo, mas se trata de uma etapa em que resulta imprescindível marchar com muito cuidado, não devemos cometer erros. Estamos partindo de uma época única e muito complexa da história, a vida durante estes 50 anos deve ter-nos ensinado. O país que mais se tem aproximado de uma revolução profunda, na vizinhança do império, é Cuba. Nem tudo saiu perfeito, mas constitui uma obrigação incontornável aprimorar e superar o que temos feito.
Quando lhes digo que em nossa sociedade o jornalista tem grande responsabilidade, e que por isso devem ser muito estudiosos, estou dizendo-lhe uma verdade objetiva e fraternal, não fazendo uma crítica.
É claro que acho que minha conduta se tem ajustado ao que devo fazer estritamente. Não me faço a ilusão de que tudo vai correr bem, que é o perfeito, que é a última palavra sobre organização social.
Não é possível que cada província aspire agora a dispor de instituições similares às de maior desenvolvimento, em instantes em que o país deve consagrar seus maiores esforços na produção de alimentos devido aos problemas que o mundo muito em breve vai ter que encarar.
Em dias recentes me reuni com alguns companheiros que trabalham na criação de gado para trocar impressões sobre a produção de alimentos essenciais, um tema sobre o qual atualmente tenho pensado muito.
Quem controla o crescimento impetuoso da população mundial? Poderia se dizer que nós temos esse problema ao invés, porque os Estados Unidos, apoiando-se nos elevados salários de um país desenvolvido e rico, nos levou muita força de trabalho jovem e qualificada, formados universitários, nos levou por exemplo médicos, não os melhores, sei onde estão os melhores, estão aqui e estão em todas as partes cumprindo seu sagrado dever. No aço do espírito da nova Cuba não poderão jamais fazer mossas.
Vocês que têm ido por aí recolhendo a experiência… Bom, contaram-me o que aconteceu contigo, Gladys, lá, acho que no Equador, para informar do abnegado trabalho dos nossos colaboradores.
Jornalista Gladys Rubio.- Já vai falar o das botas.
Cmdte.- Das botas, e dos caminhões carregados, da barcaça que não cruzava o rio, e quase os restos daquela é preciso apanhá-los no Atlântico, onde o Amazonas desemboca.
Conhecem também o problema do continente, por isso tem importância a reunião da CELAC, foi um grande passo de avanço. É preciso ficar mais de 10 minutos —bom, em 10 minutos não se ouve um discurso—, 10 horas e 20 discursos para saber como pensa cada um. Até pela cara, se observar o rosto dos participantes, sabe como pensa o do Caribe, como pensa o da Bolívia, como pensa o outro.
A reunião da CELAC esteve acompanhada pelo anfitrião com a dos líderes da América Latina e do Caribe e os líderes da União Europeia.
Às vezes converso com alguns dos que vêm, muitos deles, pelo interesse que a gente tem.
Sei lá quando dormem ou quando vão para sua casa os líderes políticos da Europa.
A Merkel, quando descansa? Porque a vejo numa reunião e em outra, nunca está na Alemanha. Depois, os ingleses, que agora querem entrar, quando lhes tem ido bem sabotando essa moeda, Quem entende eles? Por outro lado, tem solução esse 26% de desemprego em Espanha? O suborno, tem solução? Todos esses países ficam saturados de problemas; quem paga tudo isso, a fome dos outros, a pobreza?
Relativamente a nossa Revolução, devo dizer que Marx, que não gostava muito dos discursos e dos vaticínios, nos disse em sua famosa Crítica do Programa de Gotha, em 1875, que na revolução social, na primeira etapa, a riqueza seria distribuída segundo o principio “De cada um, segundo sua capacidade; a cada um, segundo seu trabalho”. Em uma segunda etapa a fórmula seria: “De cada um, segundo suas capacidades; a cada um, segundo suas necessidades!”. É o que desejo responder da tua pergunta, Fabiola.
Quando a gente tem tempo para pensar, é mais fácil para aquele que está pensando.
Quero contribuir o mais possível à unidade, ao raciocínio; sempre estarei contra a autossuficiência, porque o ser humano tende muito à autossuficiência.
Espero que vocês não se desanimem, isto que lhes digo persegue o contrário.
Quando será a próxima eleição?
Jornalista Gladys Rubio.- Dentro de cinco anos, imagino.
Cmdte.- Compadre!, parece-me um pouco demais (Risos).
Ivia Pérez Reyes.- Bom, dois anos para realizar as parciais.
Dois anos as parciais e em cinco anos a geral.
Cmdte.- Bom, terei que ir a um Congresso dos pioneiros.
Jornalista Ana T. Badia.- Não, e de jornalistas tem também.
Jornalista.- De jornalistas, que agora vem o Congresso.
Jornalista.- Veja, o estamos convidando.
Jornalista.- Você é jornalista, pode ir ao Congresso.
Cmdte.- Quando é o Congresso?
Ivia Pérez Reyes.- Em 14 de julho, já fica convidado, Comandante.
Cmdte.- Ah!, no dia 14. Quando foi a Tomada da Bastilha?
Jornalista Amaury del Valle.- Exatamente. Ouça, você tem uma… nessa mesma data.
Cmdte.- Que bom!
Ivia Pérez Reyes.- E já fica convidado.
Cmdte.- Quando você falou 14 de julho me lembrei da Revolução Francesa. Na época de Robes Pierre, o quê teria acontecido se a gente tivesse tido a televisão?
Jornalista Gladys Rubio.- Não, não, isso teria sido…
Cmdte.- Imaginem aquela que assassinou Robes Pierre. Robes Pierre não, a esse o executaram quando a Revolução Francesa começou a recuar após um excessivo extremismo. As ideias você as pode desatar, mas não as pode controlar; você tente guiar-se o menos possível pelo instinto, e o mais possível pelo conhecimento.
Estou disposto a ir, se puder. É preciso subir escadas?
Jornalista Gladys Rubio.- Não, não, para nada.
Cmdte.- Onde vocês vão fazer o Congresso?
Ivia Pérez Reyes.- Em Cojímar, na escola de quadros de Cojímar. Lá não tem degraus.
Cmdte.- Ali foi onde iniciamos a preparação dos alunos de Timor Leste, já quase deve ter-se formado o total dos médicos de que precisava Timor. E quando haverá um sentimento mundial?
Jornalista Gladys Rubio.- Há falta disso!
Cmdte.- Porque ninguém pode dizer: “sou dono da luz”, “sou dono do ar”; ainda prevalece o conceito da propriedade sobre os meios essenciais da vida. Quando a humanidade poderá ver-se como uma só família?
Bom, eu, se puder, com muito gosto irei ao vosso Congresso.
Ivia Pérez Reyes.- Não obstante, qualquer outro convite antes para dialogar desses temas e da importância da imprensa que você tem referido, fica em aberto, estamos às ordens, dispostos a falar desse tema.
Cmdte.- É um dos temas…, uma coisa bem real.
Agora temos muito bons jornalistas. Porque aqui o jornalismo não é um negócio sujo ou algo parecido, como vocês podem constatar, o jornal fascista da Espanha ataca todos os dias a Venezuela com insultos grosseiros.
O primeiro que vejo cada dia são ao redor de 20 ou 30 notícias, das mais importantes, escolhidas por um grupo de companheiros familiarizados com essa tarefa, que se associam às que a gente pode receber por diversas vias.
Resultam cada vez mais interessantes as notícias que chegam da China. Agora vem a reunião que durará várias semanas sobre a eleição da direção central do Partido Comunista da China.
Conheci Xi Jinping quando visitou nosso país há uns meses. Conversei bastante com ele, especialmente sobre a necessidade vital de produzir alimentos. Sem dúvidas é um homem muito capaz. Tive o privilégio de conhecer igualmente Hu Jintao, como o tive também de conhecer Jiang Zemin.
China é um país assombroso, com um povo laborioso e muito inteligente. A lenda de que os chineses não pronunciam o erre quando aprendem espanhol falando com vizinhos hispano-falantes; quando o fazem em uma escola de idiomas, aprendem o espanhol melhor do que qualquer um de nós. O difícil e complexo idioma chinês, com milhares de sinais, é, a meu ver, um fator que contribui ao desenvolvimento de sua inteligência.
Realmente o homem é a única espécie conhecida cuja inteligência continua crescendo um tempo depois de nascido.
Bom, para não aborrecer vocês, vou pensar seriamente na possibilidade de nos reunir.
Quantos dias vai durar o Congresso de vocês?
Ivia Pérez Reyes.- O Congresso, dois dias.
Cmdte.- E imagino que o publiquem.
Ivia Pérez Reyes.- Sim, é claro.
Cmdte.- Caso contrário Telesul vai se encarregar de publicá-lo.
Jornalista.- Sim, com certeza, com certeza.
Ivia Pérez Reyes.- Não, todos os meios.
Cmdte.- Vocês me perdoam, porque escolhi aqui uns porta-vozes.
Jornalista Gladys Rubio.- Não, mas está bem. Não se preocupe.
Cmdte.- Vocês admitirão que é gente preparada e que podem influir muito, isto não quer dizer subestimação.
Jornalista Gladys Rubio.- Não, para nada.
Cmdte.- Embora as mulheres estão ganhando poder cada vez mais, é pela força social que têm mais do que nós, mas não me digam que são mais revolucionárias.
Jornalista Gladys Rubio.- Porém mais fortes.
Cmdte.- As mulheres sim, não estou falando das de Cuba, estou falando das mulheres em qualquer parte.
Jornalista Gladys Rubio.- Somos o terceiro país com mais mulheres no Parlamento.
Cmdte.- Acha que os ingleses nos ganharam. A Rainha da Inglaterra completou 60 anos de reinado e lhe fizeram um presente de 500 000 quilômetros quadrados, sabem onde?, na Antártida.
Jornalista Ana T. Badia.- Veja só!
Cmdte.- Nisso tem reclamações. O Pólo Sul o têm distribuído entre um grupo de nações. Não resta outra alternativa; é preciso nomear a Rainha soberana do Pólo (Risos).
Perfeito.
Jornalista Gladys Rubio.- Muito obrigado por tudo.
Obrigado por se aproximar de nós. Somos muito felizes por isso.
A coro.- Muito obrigado, Comandante.
Jornalista Gladys Rubio.- Todos estamos muito felizes, e o povo vai ficar muito feliz também por isso.
Cmdte.- Querem que lhes diga uma coisa? Livrei-me da amargura que me teria dado tudo isso.
Jornalista Gladys Rubio.- Tenha muito boas tardes, Comandante.
Cmdte.- Bom, e vocês então?
Jornalista Amaury del Valle.- Nós aqui.
Cmdte.- Qual jornal vocês representam?
Jornalista Amaury del Valle.- Eu, por Juventude Rebelde, Comandante.
Cmdte.- Olha, e tem melhor papel.
Jornalista.- Sim.
Cmdte.- Granma às vezes não se consegue ler, tem uma letra pequenininha.
Jornalista.- E você vê sem óculos, Comandante?
Cmdte.- Sim, até cifras vejo; porém, na televisão, essas pequenas legendas, custam-me trabalho e a mudança de luzes me afeta a vista.
Jornalista Amaury del Valle.- Repare para que veja que estas letras estão colocadas ao azar. Vê que não tem um nome.
Cmdte.- Uma apareceu por aqui, de qual jornal?
Jornalista.- Eu? Rádio Metropolitana. Rádio Metropolitana, a rádio da cidade.
Cmdte.- A rádio de Havana?
Jornalista.- A rádio de Havana.
Cmdte.- ¿Quais são os que falam de agricultura?
Jornalista.- De agricultura?, Havana, não fala muito de agricultura.
Cmdte.- Espera aí. Falaram-me que tem um.
Jornalista.- Rádio Cadeia Havana, que é a rádio das províncias Mayabeque e Artemisa.
Cmdte.- Ah!
Jornalista.- Se chama Rádio Cadeia Havana.
Cmdte.- Quem a dirige?
Jornalista Amaury del Valle.- Não, não saberia dizer-lhe o nome do diretor.
Cmdte.- Quem é? Não sabem quem fala de agricultura?
Jornalista.- Não, quem dirige a emissora, disse ele, que não sabemos o nome da diretora ou do diretor da emissora. Mas essa emissora fala muito de agricultura, Rádio Cadeia Havana.
Ivia Pérez Reyes.- Yolanda París. Yolanda París é o nome da diretora da emissora Rádio Cadeia Havana. e também está Rádio Mayabeque, e Rádio Artemisa, que também falam muito de agricultura, porque são das emissoras das novas províncias.
Cmdte.- Eu tinha contato com Lugo e ainda tenho. Lugo conhece os melhores agricultores, conhece Lazarito de Bejucal; o outro é de Cienfuegos, que produz leite de cabra, Regino, é um tremendo produtor camponês. Eu pergunto: E como você faz com os magarefes? Bom, me disse, “somos vários produtores e nos alternamos. E eu, por exemplo, agora tenho ordenha mecânica”.
Regino ordenhava a mão 148 cabras diárias. Um filho adulto o secunda, e outro filho, que anda na escola e tem 8 ou 10 anos, ordenhava 40 cabras. “Lixaram-me, porque conseguiram a ordenha mecânica e fiquei fora de treino”, reclama o garoto… agora teve que dedicar-lhe mais tempo ao estudo.
Lugo conhece os melhores camponeses e cooperativistas. Tem colaborado na distribuição de sementes. Tem algumas plantas das quais se podem plantar já milhões, o problema é conhecer as possibilidades, o valor e o custo da produção. É complexo, mas muito prometedor.
Jornalista Miguel Mauri.- Também está a AIN.
Cmdte.- Diz-lhe que gostaria conversar também com ela. (Refere-se à diretora de Rádio Cadeia Havana).
Tenho notícias das principais fazendas. O búfalo produz o duplo de carne por dia no cevadouro, e com menos gordura. Isso me contou Alfredo, um camponês de Alquízar, inteligente e sério.
Em Cuba não existia esse valioso animal. Em 1983 Torrijos nos obsequiou 25 fêmeas e dois machos da raça Bufalypso, conhecido como búfalo de rio. Entre 1983 e 1986 Cuba adquiriu 241 fêmeas e 31 machos da mesma raça; e entre 1987 e 1989, nosso país comprou 2 648 fêmeas e 57 machos da raça Carabao, conhecido como búfalo de pântano. O animal quando não tem pasto, derruba cercas e procura alimentos.
Contudo, é o único animal que pode viver em zonas pantanosas e inóspitas. Em poucos anos se multiplicaram; não padeceram do uso excessivo da inseminação artificial, da elevada cifra de fêmeas que não ficavam grávidas, nem da alta percentagem de bezerros que morriam por desnutrição. Em cada uma das províncias foram criadas pequenas leiterias em lugares visíveis desde a via principal que produziam leite e queijo de búfalas mansas. Esse animal, que constitui a fonte fundamental de leite e de carne em países como o Vietnã e outros da Ásia, tinha sido descartado. O país lutará por dispor de todas as fontes possíveis de leite e de carne de vacum, caprino, bufalino, suíno, avícola e cunículo.
Na produção de alimentos de origem animal ou vegetal tem que aplicar princípios rígidos e invariáveis em matéria sanitária, que nossa Pátria está em condições de levar a cabo.
Qual é, por exemplo, o país que mais alimento produz? China produz e consome centenas de milhões de porcos por ano. Não podem dispor da carne bovina do Canadá, dos Estados Unidos, do Brasil, da Argentina e da Austrália, que dispõem de quatro vezes mais território com menos da metade da população chinesa, ou talvez mais, porque muito do território chinês ao norte e ao leste do país é desértico ou montanhoso.
Nossos institutos, especialistas e cientistas devem conhecer a fundo todas as doenças que afetem animais e plantas.
A gente se esquece de La Coubre, quando nós compramos armas, lá na Bélgica, para não lhes dar pretextos políticos do que fizeram contra Cuba. O navio vai, é carregado e depois faz escala em um porto francês, ali introduziram os explosivos. Houve duas explosões. Depois que estourou a primeira carga, quando as caixas estavam sendo descarregadas, e quando numerosas vítimas estavam sendo atendidas ou lutavam contra os incêndios, ocorreu uma segunda explosão. Mais de cem trabalhadores morreram e centenas de pessoas ficaram feridas.
O problema que temos com a inseminação artificial maciça, é que a média de gestação alcança apenas 50%. Nesse tema é preciso procurar uma solução. Muitas das vezes quando o touro zelador descobre a fêmea em zelo, o inseminador está descansando ou fazendo outra coisa indispensável; perdem-se muitos zelos e se gastam mais recursos.
É preciso utilizar métodos que promovam mais gestações e menos custos, reservando a técnica mais sofisticada para os rebanhos melhor atendidos e a reprodução natural onde não existam as condições adequadas.
Outro problema se relaciona com os bezerros, muitas das vezes submetidos a um regime absurdo de alimentação insuficiente e de baixa qualidade antes de serem lançados à procura do pasto de baixa qualidade, onde ainda 30 por cento morre, e tardam o dobro de tempo para iniciar a produção.
É imprescindível plantar pastos de qualidade conhecida, tanto gramíneas quanto outros de elevado nível de aminoácidos e proteínas, os quais têm sido desenvolvidos por expertos. Entre as numerosas medidas, são as mais urgentes.
Não falaria nisto se não tivesse a mais profunda convicção de que está totalmente nas mãos dos nossos trabalhadores desse setor resolvê-las com urgência, o qual desejam, dada a importância de uma alimentação saudável e proteica dure o que durar a vida em nosso planeta. Tais princípios são em geral aplicáveis a toda a produção agrícola.
Espero vê-los de novo. Podem me perguntar aí tudo o que quiserem. Procurem livros e façam-me as perguntas que desejarem, quando não saiba alguma coisa, digo-o com toda franqueza.
Jornalista Gladys Rubio.- E a questão da água?
Cmdte.- Bom, agora tenho muita esperança, e esse é outro prêmio de ter tido a sorte de vir. Vocês são os porta-vozes da Revolução.
Jornalista Ana T. Badia.- Por último, Comandante, Rádio Rebelde está próximo de completar o aniversário 55º no próximo dia 24, Que mensagem tem?
Cmdte.- Ah!, é a velha Rádio Rebelde.
Jornalista.- Fundada, como você recordará, na Sierra Maestra por vocês.
Cmdte.- E como os aviões a procuravam! Mas deixa-me te dizer que hoje não se poderia ter, porque basta uma rádio acessa e te enviam um projétil direitinho e acabou. Teria de inventar como contra-arrestar essa técnica. Nossa guerrilha, antes de dispor de Rádio Rebelde, levou a cabo numerosos combates vitoriosos. Nossa pequena emissora informando rigorosamente a verdade potenciou nossa força e acelerou a vitória.
Bom, uma felicitação calorosa para eles e a alegria de pensar que souberam cumprir seu dever durante tantos anos.
Jornalista Amaury del Valle.- Comandante, uma mensagem para os jovens através do jornal Juventude Rebelde.
Cmdte.- Que sinto muita inveja por eles (Risos).
Jornalista.- E para todo o povo, Comandante, diga alguma coisa agora neste dia de votação grande para seu povo que tanto o quer.
Cmdte.- Bom, na verdade devo dizer que para mim o povo é tudo. Sem o povo não somos nada, sem o povo não haveria Revolução, com o povo forjaremos o caminho digno da Pátria, defenderemos o país, e se for preciso morrer, morreremos.
Jornalista.- Obrigado, Comandante!
Comandante, muito obrigado por ter vindo.
Jornalista Ana T. Badia.- Faltam cinco meses para o Congresso dos Jornalistas.
Cmdte.- Já não fazem nenhuma reunião?
Jornalista Ana T. Badia.- As que tivemos na base, mas esperamos você de braços abertos.
Cmdte.- Quem vão ao Congresso de todo o país, quantos vão se reunir?
Jornalista Ana T. Badia.- Não muitos desta vez, não é?
Ivia Pérez Reyes.- Duzentos e cinquenta, Chefe, vão se reunir do país todo, não muitos. Mas se você quiser se reunir antes com um pequeno grupo, pode-se reunir, convida-nos, e aí estamos.
Cmdte.- E são vocês os que escolhem?
Ivia Pérez Reyes.- Bom, os podemos escolher.
Jornalista Gladys Rubio.- Lembra que fizemos uma num dia 26 de julho? Exato. E falamos de ciência, e falamos de meio ambiente, de agricultura, do mundo e do que você quiser.
Cmdte.- Em todo o caso isso não impossibilitaria…
Ivia Pérez Reyes.- Que você vá ao Congresso depois.
Jornalista Ana T. Badia.- Para nós é uma honra estar com você no Congresso.
Jornalista.- Depois você vai ao Congresso, e fazemos dois.
Cmdte.- De quem será a responsabilidade? Vamos falar com a companheira, que trabalhou muito, a que eu lhes disse, e ela se compromete a convidar vocês e alguns outros do setor que estiverem interessados, e já vocês não têm a responsabilidade, e então…
Ivia Pérez Reyes.- Podemos falar com Alfonso Borges, que é quem atende toda a imprensa, Alfonso Borges, que você conhece perfeitamente.
Cmdte.- Pois é! Hoje me enviou alguns papeis. E Arcángel —ele tem um grupo—, nessa reunião que tive com os camponeses estava ele. Ficou muito boa.
Ivia Pérez Reyes.- Então, Comandante, descanse.
Cmdte.- Tenho trabalho, mas liberar vocês me obriga a…
Jornalista Gladys Rubio.- Para nós tem sido um momento bem especial.
Jornalista Ana T. Badia.- Estamos muito felizes.
Jornalista Gladys Rubio.- Obrigada por ter vindo.
Muito obrigada.
Cmdte.- De quê jornal é ele?
Jornalista Amaury del Valle.- Esse é meu gravador, Comandante.
Jornalista Evelio Telleria.- Do jornal Trabalhadores.
Cmdte.- Ah, uma vez por semana. Ontem o li.
Jornalista Evelio Telleria.- Saímos nas segundas.
Jornalista Amaury del Valle.- Hoje sai Juventude Rebelde, Comandante.
Cmdte.- Quantos exemplares vocês fazem?
Jornalista Amaury del Valle.- Nós, 250 000 exemplares, Comandante.
Cmdte.- E Granma quantos?
Jornalista.- Granma mais ou menos essa cifra, um pouquinho mais.
Ivia Pérez Reyes.- Não, Granma, 510 000, porque 10 000 passam para o turismo, e 500 000 para a população, instituições, etecetera. Juventude Rebelde aos domingos, 250 000, e diariamente 200 000.
Cmdte.- Menos aos domingos? Não faças isso.
Ivia Pérez Reyes.- Sim, diariamente, e aos domingos 250 000.
Jornalista Amaury del Valle.- Mas aos domingos são 16 páginas em vez de 8, com alguns trabalhos mais de leitura, investigação, são publicados os trabalhos sobre a agricultura, esses que você tem falado; os desafios que tem a agricultura nos últimos tempos e, sobre tudo, um enfoque mais voltado para os jovens.
Cmdte.- Agradeço-lhes imenso o que tenho aprendido hoje, e a esperança de falar amplamente com vocês.
Até em breve. Um abraço.
(Dão vivas ao Comandante-em-Chefe)
(Indaga sobre as crianças que custodiam as urnas)
Cmdte.- Olha, não me falou que tinham tirado as escadas.
Niurka Prada.- Eu o informei. Desde que soube que você não podia subir degraus, preparei condições.
Cmdte.- É que ninguém me disse nada. Diz-me lá para não votar pelo culpado nas próximas eleições.
Niurka Prada.- Bom, nada, nas próximas eleições tenho uma poltrona aqui, porque estava nervosa, que você, de pé tanto tempo…
Cmdte.- … Também não ninguém me disse que você estava por aqui…
Niurka Prada.- Não importa, não importa, eu sempre estou cá para quando você precisar de mim.
Cmdte.- O quê estás fazendo?
Niurka Prada.- O mesmo que você me deixou fazendo, ainda o não cumpri.
Cmdte.- …
Niurka Prada.- Estou na turma dos seus ajudantes. Portanto, proteja-me, que estou consigo.
Cmdte.- …Menina Bonita.
Niurka Prada.- Ah, sim, eu atendo diretamente Menina Bonita, o Siboney e todas essas coisas.
Cmdte.- … e tenho coisas novas.
Niurka Prada.- Conto-lhe uma anedota? Estive dois anos pedindo para que arrumassem o… de Menina Bonita. Passou você em uma perua pela porta e no outro dia quando cheguei já o tinham arrumado; portanto, de vez em vez dê uma voltinha por lá.
Cmdte.- Ver-nos-emos em breve.
Niurka Prada.- Ok.
É uma grande alegria vê-lo, Comandante.